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Com narrativa e mensagem delicada, Divertidamente 2 é a continuação necessária (Crítica)

Dirigido por Kelsey Mann (O Bom Dinossauro), Divertidamente 2 chega aos cinemas para ser perfeitamente um complemento ao filme anterior. Fora o detalhe de ser uma sequência necessária tanto pelo seu potencial quanto pela mensagem que precisa entregar para o mundo.

Com um salto temporal, Riley agora se encontra mais velha, passando pela tão temida adolescência. Com o amadurecimento, a sala de controle mental da jovem também está passando por uma demolição para dar lugar a algo totalmente inesperado: novas emoções. As já conhecidas, Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho, que há muito tempo administram uma operação bem-sucedida, não têm certeza de como se sentir quando novos inquilinos chegam ao local, sendo um deles a tão temida Ansiedade.

Explicar como funciona a mente humana não é algo fácil, principalmente para os mais jovens. Porém, de maneira lúdica, a Pixar conseguiu fazer isso, nos mostrando que não nos resumimos a única emoção, que, na verdade, somos um misto de todas, e que elas estão aí para nos ajudar. Agora em Divertidamente 2, o estúdio traz novas emoções para expor como mudamos com o decorrer da nossa vida, e, mesmo que isso assuste, podemos seguir em frente.

Riley agora é uma adolescente e está passando pela puberdade, tendo, mais do que nunca, sentimentos à flor da pele. Com mudanças tanto em sua vida quanto em seu corpo, novas emoções chegam a sala de controle, sendo a Vergonha, o Tédio, a Inveja e a Ansiedade.

O roteiro do projeto é escrito pela dupla Meg LeFauve (Capitã Marvel) e Dave Holstein (Erva), que conseguem transmitir não só a delicadeza presente no primeiro filme, mas também a complexidade que é a cabeça humana. Junto a isso há a direção de Kelsey Mann, que conseguiu unir todos estes fatores em uma narrativa bem encaixada, visando entregar a principal mensagem do longa-metragem, que é o equilíbrio emocional e controle da ansiedade.

A história não busca transformar a personagem da Ansiedade em uma vilã, no qual tem objetivos malignos ou algo do gênero. Na realidade mostra como ela funciona de fato, um sentimento que, ao mesmo tempo que nos deixa entusiasmado com algo, também pode nos trazer inquietações em coisas que não necessariamente estão sob o nosso controle.

A narrativa tem uma sensibilidade em expor como é importante ter um equilíbrio emocional, nos contando que há detalhes que não podemos mudar, e mesmo aqueles que estão ao nosso alcance, é preciso compreender que esforços excessivos não fazem bem. Paralelamente a isso, esta sequência reforça a mensagem do primeiro filme, que é o fato de não podermos ser refém de apenas uma emoção. Ninguém pode ser feliz sempre, a tristeza, o medo, a raiva e até mesmo a ansiedade são necessárias em nosso convívio, mas sempre em equilíbrio.

Fazer tudo isso de maneira tão delicada faz o filme ter outra camada. Ele é muito divertido, mas contar como um sentimento mal controlado pode ser muito perigoso, faz o projeto ter atitude de prestação de serviço. A ansiedade é considerada uma das maiores vilãs da saúde mental, sendo que, apenas no Brasil, segundo teste aplicado pela Guia da Alma, 62,2% da população sente um alto nível de ansiedade. Como arte, obviamente, o cinema tem que trazer mensagens e gerar reflexões, mas feito no momento certo e da maneira mais adequada, faz ele ganhar um charme e uma beleza ainda maior.

Além disso, o projeto da Pixar, através da puberdade da Riley, expõe que crescer é se descobrir. Não há como você se definir aos 11 anos, em vários momentos da nossa vida percebemos como podemos ser boas pessoas, mas também egoístas, caridosos, maldosos e muito mais. Porque somos o conjunto do que vivemos e aprendemos, somos uma eterna metamorfose.

Junto a toda essa beleza, Divertidamente 2 ainda consegue ser muito engraçado. Não só para as crianças, mas também para um público mais velho, a narrativa arranca risadas através de humor físico e humor textual. Além do mais, a utilização de outros tipos de animação trazem um charme a mais para o projeto, não apenas pela beleza, mas por tiradas cômicas ao tipo de cada uma, que chegam a ser geniais.

Também é preciso comentar o trabalha notável da dublagem brasileira, que, junto com o elenco original, tem a adição de Tata Werneck como voz da Ansiedade. Sinceramente, não lembra da última vez que um artista conseguiu combinar tão bem sua voz com seu personagem como a atriz fez.

Por fim, Divertidamente 2 responde muito bem a clássica pergunta: “Precisa mesmo de uma continuação?”. O projeto não só prova como a franquia ainda tem muito o que contar, como também se mostrou necessária. Este longa-metragem caminha de mãos dadas com o filme original como um dos melhores da Pixar, e talvez como um dos mais influentes, principalmente, pela sua linguagem e pela sua mensagem lindamente delicada, forte e necessária.

Nota: 9,5/10

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