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Corte de metano até 2030 pode limitar aquecimento global em 0,3°C

A crise climática global pode ser atenuada de forma rápida e acessível por meio da redução das emissões de metano, segundo o relatório divulgado pelo Climate Crisis Advisory Group (CCAG) na última terça-feira (23/09). O estudo mostra que diminuir 45% das emissões até 2030 tem potencial para limitar o aumento da temperatura média do planeta em até 0,3°C, resultado considerado fundamental para evitar impactos mais severos.

Embora o dióxido de carbono seja o foco de políticas climáticas em todo o mundo, pesquisadores do CCAG alertam que o metano já é responsável por cerca de 30% do aquecimento registrado até o momento. Seu efeito de estufa é cerca de 80 vezes mais intenso e, ao contrário do CO₂, permanece na atmosfera por apenas cerca de uma década, permitindo que ações imediatas tragam resultados rápidos.

Corte de metano até 2030 pode limitar aquecimento global em 0,3°C
Foto: Conafer Brasil

No cenário brasileiro, a agropecuária se destaca como principal fonte de emissões, respondendo por mais de 70% do metano liberado no país. Setores como energia e gestão de resíduos completam a contribuição nacional. Nesse contexto, o programa federal “Zero Metano”, criado em 2022, é mencionado no estudo como iniciativa promissora, mas ainda precisa de metas definidas e de monitoramento consistente.

Recomendações

Para conter emissões em diferentes setores, o relatório propõe ações concretas. No setor energético, o recomendado é interromper a liberação direta de metano, encerrar a queima de gás em poços, monitorar vazamentos e fazer reparos imediatos, além de adotar relatórios independentes sobre emissões.

Na agricultura, o estudo sugere estabelecer limites de emissão para grandes fazendas de corte e leite, manejar corretamente o esterco, estimular dietas que reduzam emissões de ruminantes, apoiar pequenos produtores e aplicar técnicas sustentáveis na produção de arroz e aquicultura.

Corte de metano até 2030 pode limitar aquecimento global em 0,3°C
Foto: Reprodução

Quanto à gestão de resíduos, o relatório indica ampliar coleta seletiva e reciclagem, transformar resíduos orgânicos em compostagem, biogás ou biochar, envolver comunidades locais em sistemas circulares e investir em monitoramento e captura de metano em aterros.

Relatório

Segundo a ecóloga Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília (UNB) e integrante do CCAG, a redução do metano “significa mais transparência sobre os impactos da produção de alimentos, sustentabilidade, segurança hídrica e alimentar, proteção à saúde e promoção da justiça social”. Já o presidente do CCAG, David King, alerta que o tempo para agir é curto.

“O metano é o único freio de emergência disponível. As soluções existem, são acessíveis e trazem ganhos imediatos. Em países como o Brasil, não agir significa investir na própria queda”, pontuou.

O Climate Crisis Advisory Group reúne cientistas internacionais especializados em clima, energia, meio ambiente e recursos naturais. Embora alguns integrem conselhos governamentais, o grupo atua de forma independente, oferecendo análises que complementam políticas oficiais, com participação voluntária de todos os membros.

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