A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) para apurar supostas irregularidades na prestação de serviços pela Enel Ceará ouviu na tarde desta quarta-feira (24/04) o diretor-presidente da Enel Distribuição Ceará, José Nunes de Almeida. O presidente nacional da empresa, Antônio Scala, que havia sido convidado para prestar esclarecimentos, alegou compromissos em Brasília e não compareceu. Márcia Roque, que presidiu a Enel Ceará antes de Nunes assumir o cargo, alegou problemas de saúde e também não atendeu ao convite da CPI. Aos integrantes da Comissão, o atual presidente da Enel no Estado reconheceu as falhas na prestação de serviço da distribuidora de energia elétrica, pediu desculpas aos clientes cearenses que foram prejudicados por falhas da Enel e assumiu o compromisso buscar excelência no atendimento da Enel.
Segundo José Nunes, o serviço prestado pela empresa no Ceará está sendo reestruturado por meio de um plano que inclui um investimento de R$ 1,6 bilhão nos próximos três anos. Ele explicou que a empresa passou recentemente por uma reestruturação em todo o Brasil, com o objetivo de resgatar os níveis de qualidade que obteve no passado. “Para isso nós temos várias medidas, mas temos um diferencial, que é o nosso corpo de colaboradores, que já está mobilizado, já está no processo de resgate da empatia e da maior proximidade com o cliente”, disse. O executivo da Enel compareceu à oitiva na condição de testemunha, munido de habeas corpus que garantia o direito ao silêncio e de não autoincriminação. Apesar disso, respondeu as perguntas dos parlamentares.
Fotos: Máximo Moura
O presidente da CPI, deputado Fernando Santana (PT), questionou a ausência de Márcia Roque, lembrando que a CPI tem conhecimento de milhares de queixas, reclamações e denúncias durante a gestão da Executiva da Enel. Fernando Santana disse que não acredita nas promessas de Nunes, de melhoria nos serviços da distribuidora de energia. “Segundo ele, são muitos os setores no Ceará que têm sido impactados negativamente por conta das constantes falhas na prestação de serviços da empresa. “Por tudo que a CPI tem escutado, é um desânimo e descrença com essa empresa no Ceará. Não acredito que só com uma mudança na direção isso vá mudar”, afirmou.
OITIVA
O deputado Guilherme Landim (PDT), relator da CPI, fez um apanhado dos trabalhos realizados pela Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) com relação aos serviços da Enel nos últimos dois anos. Entre os dados apresentados pelo relator da comissão está a quantidade de multas que a empresa vem acumulando. Segundo ele, nos últimos cinco anos, só da Agência Reguladora do Estado do Ceará (Arce) e da Aneel, a Enel recebeu mais de 54 milhões de penalidades por diversas violações, como cobrança indevidas, falhas nos procedimentos e má qualidade no serviços. Diante disso, ele questionou se, para a empresa, é mais vantajoso o pagamento das multas do que ajustar a conduta.
José Nunes rechaçou o questionamento do parlamentar e assegurou que a empresa tem atuado nessa reestruturação, focando na melhoria do relacionamento com o cliente, aumentando a proximidade e a agilidade do atendimento das demandas, assim como a qualificação da área técnica. Sobre os problemas de interrupção ou instabilidade da rede durante os feriados e datas de grande movimentação, como o réveillon e o Carnaval, o diretor-presidente argumentou que estão sendo desenvolvidas ações para que os problemas relatados não se repitam. “Nós tivemos cidades e locais onde teve milhares de pessoas, como Aracati, que não tiveram nenhuma ocorrência e que são locais turísticos, e nós fizemos um trabalho prévio com o município. E isso vai ser intensificado”, defendeu.
Após a oitiva o deputado Guilherme Landim, relator da CPI, declarou que deve recomendar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ao Ministério das Minas e Energia a quebra do contrato da distribuidora no Ceará. Isso porque, segundo ele, há quase um ano a empresa se comprometeu a melhorar a prestação de serviço, mas nada mudou positivamente. Fernando Santana também concordou com o posicionamento do relator.
A oitiva contou ainda com a participação dos deputados Danniel Oliveira (MDB), Lia Gomes (PDT), Gabriela Aguiar (PSD), Felipe Mota (União), Emilia Pessoa (PSDB), Marcos Sobreira (PDT), Larissa Gaspar (PT), Davi de Raimundão (MDB), Agenor Neto (MDB), Bruno Pedrosa (PDT), Simão Pedro (PSD), assim como os deputados licenciados Osmar Baquit (PDT) e Firmo Camurça (União). Já como representantes da Enel Distribuição Ceará compareceram também o diretor de Operações de Infraestrutura e Redes, Charles de Capdeville, e a diretora da área de Mercado, Micheline Paola Silveira de Luna.colaboradores.