O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) registrou 95,7 pontos em outubro, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O resultado mantém o indicador abaixo da marca neutra de 100 pelo segundo mês consecutivo e representa a menor pontuação desde maio de 2021. Entre julho e outubro, a confiança acumulou uma diminuição de 10,3%.
O levantamento mostra que 46% dos empresários esperavam piora do cenário econômico em setembro. O percentual caiu para 43,6% em outubro. Estes são os maiores índices desde junho de 2020, ainda durante a pandemia.

Segundo João Marcelo Costa, economista da CNC, a elevação da taxa Selic é o principal fator que explica a redução da confiança. “O empresário do comércio precisa se financiar, depende do fluxo de caixa para fazer contratações e investir. Quando os juros estão altos, ele precisa tomar capital de giro, o que fica mais difícil no cenário atual”, comentou.
Investimentos
O índice de intenção de investimento do setor caiu para 99,1 pontos em outubro, abaixo do nível neutro pelo segundo mês consecutivo e 4,2% inferior ao mesmo mês do ano passado. Entre os tipos de investimento, a intenção de contratar funcionários caiu de 121,1 pontos em junho para 112 pontos em outubro, uma queda de 6,3% em relação a outubro de 2024 e de 0,4% em comparação ao mês anterior.

A intenção de ampliar os negócios passou para 93,4 pontos, um recuo de 1,2% em relação a setembro e de 5,7% em relação a outubro de 2024. O único indicador positivo foi a intenção de formar estoques, que apresentou aumento de 0,5% na comparação anual.
Endividamento
Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também da CNC, indicam que 30,5% das famílias tinham contas em atraso em setembro. Este é o maior percentual da série histórica.
“As pesquisas de atividade do IBGE já indicam que a economia começa a arrefecer, e nesse cenário as pessoas consomem menos. Há muitas famílias endividadas, com menos renda disponível para gastar. Isso impacta diretamente o comércio”, pontuou o economista.

O Icec aponta que a queda na confiança atinge todos os segmentos do comércio, sendo mais acentuada em setores dependentes de crédito, como eletrônicos, eletrodomésticos, móveis, material de construção e veículos. Nestes ramos, a confiança caiu 14,5% em relação a outubro do ano passado.
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