A Notícia do Ceará
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Criado no Ceará, curativos com pele de tilápia serão usados em animais feridos no Rio Grande do Sul

Desenvolvidos por pesquisadores do Ceará, curativos feitos de pele de tilápia serão usados para tratar feridas de cavalos causadas pelas enchentes do Rio Grande do Sul. A maioria dos machucados nos animais são em suas patas, por terem ficado  muito tempo embaixo d’água.

Tendo 70 curativos, o primeiro lote foi enviado no início do mês de junho, fora que outras 300 peles estão preparadas pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (UFC) para possível novo envio ao estado gaúcho.

Edmar Maciel, cirurgião plástico, coordenador geral da pesquisa da pele de tilápia e presidente do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), revela que a assistência foi requisitada por uma veterinária de Nova Santa Rita (RS), município com 20 km de distância de Porto Alegre. “Fomos procurados pra orientá-la sobre o uso de pele, porque ela estava com peles de rãs sendo utilizadas. Depois, em contato com a nossa veterinária Behatriz Odebrecht, ela nos falou que gostaria de ter a pele de tilápia, se seria possível”, diz  o médico.

Fora o envio dos curativos, os pesquisadores ainda realizaram uma capacitação online com os membros da clínica veterinária de Nova Santa Rita, com objetivo de explicar como se usa a pele de tilápia nas feridas em cavalos por submersão.

O coordenador explica que, pelo fato das patas estarem submersas, ocorre uma dificultação do sangue para chegar na pele. “A pele necrosa e cai. A vantagem do uso da pele de tilápia nessas feridas é que não precisa trocar o curativo diariamente, diminuindo o sofrimento do animal”, salienta Edmar.

Inicialmente, o curativo biológico com a pele do peixe é trocado a cada três ou quatro dias, dependendo como acontecer cicatrização do cavalo, este tempo aumenta. É estimado que o tratamento inteiro dura em média 3 meses.

Além disso, o presidente do IAQ revela que um novo lote está sendo preparado, e que deve ficar pronto em 20 dias. Contudo, até o momento, ainda não sabem se ele será mandado ao Rio Grande do Sul, visto que irão esperar o resultado da primeira remessa enviada. Caso o envio acontece, um dos pesquisadores irá junto para acompanhar o tratamento dos animais.

Criada em 2015, a pesquisa sobre o uso de pele de tilápia em lesões humanas, primordialmente, foi testada para curar queimaduras. Apenas depois disso, ele começou a ser usada em feridas, cirurgias ginecológicas e outras aplicações regenerativas.

Foi apenas durante as queimadas no Pantanal, no Mato Grosso, em 2020, que animais silvestres receberam o primeiro tratamento com a pele de peixe. Tal feito é visto como revolucionário, que outros países já utilizam desta técnica.

A pele utilizada para os curativos vem da tilápia-do-nilo, peixe de água doce criado cativeiro, sendo de fácil reprodução e com grande quantidade no Nordeste. A maioria das peles usadas nos curativos vem de Itarema, município no Litoral Norte do Estado, mas também vem de Alto Santo, cidade do Vale do Jaguaribe, através do açude do Castanhão.

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