“Bandido bom é bandido morto”. A frase, tão corriqueira no jargão policial, foi usada em uma postagem nas redes sociais do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) na sexta-feira Santa, data que para os cristãos significa o sacrifício de Jesus Cristo na cruz. A ilustração do MTST mostra três policiais romanos proferindo a frase a Jesus Cristo crucificado. Para alguns, a mensagem seria uma crítica, diante de tantas injustiças sociais no Brasil. Para outros, uma ofensa ao filho de Deus. Na sessão desta terça-feira a deputada dra. Silvana (PL) subiu à tribuna para repudiar a iniciativa do Movimento popular, classificado por ela como “ridículo, medonho, agressivo e desrespeitoso”. A deputada avisou que vai encaminhar ao Ministério Público denúncia e apresentar, no Legislativo estadual, nota de repúdio ao ato do MTST.
Na avaliação dela, em outros momentos da vida política do Brasil, autores de postagens como essa estariam na cadeia. “”Esses vagabundos. Trabalhador não fica sem teto. Eram pra estar presos, se não estivéssemos vivendo um período anormal, semelhante à ditadura”, disparou. Para a deputada, representante da bancada evangélica na Assembleia, quem realmente trabalha não está às ruas, sem teto. “Quem trabalha sai da pobreza. E se continuar pobre, fica um pobre digno, asseado”, concluiu.
Ainda no pronunciamento, dra Silvana lembrou o suposto ato de vadalismo praticado no último fim de semana contra o comitê do deputado federal André Fernandes, em Fortaleza. “Nós estamos tempos anormais”, disse. “Teve seu gabinete, como deputado federal, vilipendiado, vandalizado, depredado, foi pichado e colocaram boneco com a face do deputado para tacar fogo. Mas o tiro vai sair pela culatra”, afirmou. Ela questionou o silêncio do governador Elmano de Freitas e autoridades policiais com relação ao problema. “Porque é normal. Quem está no governo é a esquerda, então tudo bem”, acusou. O deputado Alcides Fernandes (PL), pai de André Fernandes, também questionou o silêncio do governador com relação ao caso.
A deputada chegou a comparar com as manifestações de oito de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. “O oito de janeiro também é uma manifestação puramente democrática, avaliou dizendo que em meio a uma manifestação pacífica, teriam sido colocados alguns “infiltrados” para gerar o tumulto. O único parlamentar que aparteou o pronunciamento de dra Silvana foi Felipe Mota (União). O deputado revelou que durante a Quaresma, período que antecede a Semana Santa, tentou evitar polêmicas. Ao se pronunciar durante a fala da colega, o deputado pediu “perdão” aos “extremismos religiosos”.
