A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (08/07) a Operação Underhand, que investiga uma organização criminosa suspeita de desviar recursos públicos por meio de fraudes em licitações e contratos administrativos. A ação é conduzida com apoio técnico da Controladoria-Geral da União (CGU).
Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília e nos municípios cearenses de Fortaleza, Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio. Entre os alvos está o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE). Nesse contexto, foram realizadas buscas no gabinete parlamentar, na residência oficial e em um imóvel localizado na capital cearense.

Segundo a Polícia Federal, o grupo investigado é suspeito de direcionar recursos públicos a prefeituras do Ceará mediante pagamento de propinas. Os envolvidos também manipulavam processos licitatórios por meio de empresas ligadas ao esquema.
Por determinação do STF, também foi efetuado o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas de pessoas físicas e jurídicas envolvidas para interromper o fluxo de recursos de origem ilícita e garantir eventual ressarcimento aos cofres públicos. Entre os crimes investigados estão organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com finalidade eleitoral.
Ceará
Anteriormente, a Polícia Federal no Ceará já havia executado duas etapas da investigação. As operações Mercado Cláusula e Vis Occulta aprofundaram a apuração sobre o suposto esquema de fraudes envolvendo prefeituras e verbas parlamentares.
A apuração aponta indícios de participação direta do deputado no desvio de emendas parlamentares destinadas a prefeituras. Esses recursos, segundo a investigação, alimentariam práticas de compra de votos e fortaleceriam sua base eleitoral.

Relatos colhidos durante as investigações indicam que, em eleições anteriores, a prefeita de Canindé denunciou um aliado de Júnior Mano, atualmente prefeito de Choró, por supostos crimes eleitorais. De acordo com depoimento prestado pela gestora, o parlamentar direcionava emendas que eram supostamente “lavadas” por meio do prefeito aliado.
“A lavagem consiste em contatar o gestor, oferecendo como exemplo um milhão com retorno de quinze por cento para ele”, disse a denunciante. No depoimento foi apontado ainda que ao menos 51 municípios teriam recebido recursos vinculados ao esquema.
Em nota à imprensa, a assessoria do deputado negou qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos. O comunicado reafirma a confiança de Júnior Mano na Justiça e na Polícia Fedral.
Atualmente, Júnior Mano é o nome indicado pelo senador Cid Gomes (PSB-CE) para disputar uma vaga ao Senado em 2026.
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