Um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aponta que cerca de 26% das prefeituras do Ceará não devem conseguir encerrar o exercício financeiro deste ano com as contas equilibradas. O percentual é superior à média nacional, estimada em 16,7%. Os dados são do estudo “O 13º salário e o encerramento de exercício nos municípios”.
No Estado, 66% dos municípios afirmam que conseguirão fechar as contas até o fim do ano, índice inferior ao observado no cenário nacional, onde o percentual chega a 78,9%. Outros 8% das prefeituras cearenses não responderam ao questionamento da CNM, frente a 4,4% no Brasil. A pesquisa ouviu gestores de 88 municípios do Ceará e de 4.172 cidades brasileiras.

Apesar do quadro fiscal desafiador em 2025, a maior parte dos prefeitos cearenses demonstra otimismo em relação ao próximo ano. Segundo o levantamento, 58% dos entrevistados no Estado avaliam como boa ou muito boa a expectativa para 2026. Já 24% classificam o cenário como ruim ou muito ruim, enquanto 13% consideram a perspectiva indiferente. Outros 6% não responderam.
A análise de dados concretos, no entanto, indica um distanciamento entre expectativa e realidade financeira. No Ceará, 52% dos municípios registram atrasos no pagamento de fornecedores e 49% devem deixar restos a pagar sem cobertura financeira para 2026.
Por outro lado, a maioria das prefeituras cearenses afirma manter os compromissos com o funcionalismo em dia. Segundo a pesquisa, 99% dos municípios informaram que os salários estão regularizados e 90% garantem o pagamento da folha de dezembro dentro do prazo. Em relação ao 13º salário, 81% optaram pelo pagamento de forma parcelada.
“Cabe destacar, inicialmente, que o pagamento do 13º salário para mais de 8,3 milhões de servidores do País representa um impacto estimado de R$ 33,59 bilhões. E o repasse extra do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), uma conquista liderada pela Confederação, foi fundamental para esse fechamento do ano, como afirmaram 95% das prefeituras”, comenta o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Ainda de acordo com a CNM, quase 45% dos municípios brasileiros avaliam como boas ou muito boas as perspectivas econômicas para 2026. Entre os 3.239 municípios que projetam encerrar o ano com resultado positivo, esse percentual sobe para 47%, três pontos percentuais acima da média nacional.
Obstáculos
Apesar do otimismo moderado, os dados revelam dificuldades persistentes. Em nível nacional, 28,8% das prefeituras enfrentam atrasos no pagamento de fornecedores. Na avaliação geral do primeiro ciclo da gestão 2025–2028, os gestores apontaram a crise financeira e a falta de recursos como o principal entrave, citado por 80,2%. Em seguida, aparecem a instabilidade política e econômica (67,5%), os desafios na gestão da saúde (63,4%) e os reajustes salariais concedidos ao longo de 2025 (62,2%).
Entre os prefeitos cearenses, a crise financeira e a escassez de recursos foram apontadas como o principal desafio por 18% dos gestores. Na sequência, aparecem os problemas na área da saúde (16%), a instabilidade política e econômica e os reajustes salariais (14%) e a segurança pública (13%).
Outro ponto de preocupação citado pelo presidente da CNM é o impacto de decisões do Congresso Nacional sobre as finanças municipais. “Há pautas com grande impacto fiscal aos Municípios no Congresso que devem ser aprovadas, a exemplo de pisos salariais e outras pautas-bomba”, analisa.
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