A Notícia do Ceará
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Líder de facção usava tampas de marmita para se comunicar com presídios no CE

O detento era o encarregado de repassar e receber os comunicados da organização, tanto dentro do presídio quanto fora das penitenciárias

Em operação deflagrada na manhã desta quarta-feira (05), o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), cumpriu um mandado de busca e apreensão e um de prisão preventiva contra um detento faccionado da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Juca Neto (CPPL III), em Itaitinga.

Segundo investigações, o detento é integrante de uma facção criminosa, e era o encarregado de repassar e receber os comunicados da organização, tanto dentro do próprio sistema prisional quanto fora das penitenciárias, função denominada no mundo do crime de “salveiro geral”. Desse modo, o criminoso conectava as diferentes cadeias do grupo.

Com o preso foram apreendidas sete tampas de quentinhas com mensagens dirigidas a outros detentos. Em depoimento, o investigado confessou que usava a tampa da quentinha como lápis. Ele contou que para isso, pegava a parte de alumínio da quentinha e afinava a ponta, visto que o alumínio solta uma substância preta que, molhada com sabonete, faz o traço ficar mais espesso, e assim escrevia os recados.

Em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), a Operação foi batizada de ‘Manifesto’. Os mandados foram expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas e cumpridos com apoio da (SAP).

Teor das mensagens

As investigações começaram há um ano, quando o material foi apreendido durante uma ronda noturna. Ao examinar o teor das mensagens contidas nas tampas, constatou-se que se tratava de informações acerca do funcionamento da facção dentro do próprio presídio. Nas mensagens, haviam orientações para serem compartilhadas com familiares e ainda uma espécie de campanha para cooptar novos integrantes para a facção criminosa.

De acordo com o MPCE, em um dos bilhetes ficou claramente combinado que os detentos deveriam incentivar seus familiares a denunciarem supostas agressões que estariam sofrendo dentro do presídio.

A meta era conseguir 70 denúncias por visitante, pois só assim conseguiriam chamar atenção da imprensa e, consequentemente, da sociedade para a situação dos detentos, segundo o acusado. O objetivo era expor de forma negativa o funcionamento do Sistema Prisional do Estado do Ceará, porém somente 40 denúncias teriam sido formalizadas.

Em outros bilhetes, o “salveiro geral” buscava promover a facção criminosa e atrair novos apoiadores ao grupo, com mensagens motivacionais, destacando valores como união, coragem e confiança.

O criminoso já cumpre pena por tráfico de drogas e, caso seja condenado pelos novos delitos, responderá por integrar organização criminosa, com o agravante de atuar como liderança do grupo.

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