Dois dias após exonerar diretores ligados ao PMDB do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Antônio Iran Costa Magalhães foi demitido ontem do comando do órgão. A dispensa foi efetivada em portaria assinada pelo presidente em exercício Michel Temer (PMDB).
O agora ex-diretor exonerou, na última segunda-feira, quatro diretores que seriam indicados do senador Eunício Oliveira (PMDB) no órgão. No mesmo dia, aliados do peemedebista já afirmavam que a decisão seria revertida.
Procurado pela reportagem, no entanto, Antônio Iran negou relação entre as exonerações que fez e a sua. “Foi uma coisa normal. Muda a gestão, mudam as pessoas. O presidente da República não ia mexer comigo só porque tirei um engenheiro de um canto. Ele está certo de montar como quiser o governo dele”, diz.
Eunício também nega ter indicado qualquer um dos diretores demitidos por Iran. “Sequer conheço os senhores citados”, disse, em nota.
As demissões foram seguidas por uma série de especulações sobre o motivo das dispensas, entre disputa eleitoral entre o deputado federal José Maria Macedo (PP) e Eunício Oliveira até sobre suposta investigação em curso no Dnocs.
Antônio Iran, no entanto, rejeitou essas teses: “Não sei de nada nesse sentido. Apenas quis montar minha própria equipe com pessoal novo, dar uma renovada, oxigenar”.
Na segunda, haviam sido exonerados José Berlan Silva Cabral (Coordenação de Estudos e Projetos), José Felipe Américo Cordeiro (Coordenador de Obras da Diretoria de Infraestrutura Hídrica), Paulo César Lopes Barsi (Coordenador de Recursos Logísticos) e José Alan Kardec Souza de Araújo.
Indicação do PP
Antônio Iran foi nomeado para o Dnocs no início de abril, poucos dias antes da votação do Impeachment de Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados. Ele era indicação do deputado federal cearense Macedo.
A nomeação ocorreu também logo após o PMDB desembarcar oficialmente do governo petista. Na época, a presidente investiu no PP como “alternativa” ao peemedebismo em sua base. Antonio ficou no lugar de Walter Gomes de Souza, que era indicado do PMDB pelo ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves.
Um dos mais importantes órgãos do governo federal no Nordeste, o Dnocs virou “moeda de troca” importante para negociações eleitorais no interior do Estado.
O deputado Macedo não quis se manifestar sobre a exoneração de seu aliado.
