Com ventos constantes, infraestrutura portuária robusta e experiência consolidada em engenharia oceânica, o Ceará desponta como polo estratégico para a geração de energia eólica no mar. A projeção é que o estado atraia cerca de R$ 50 bilhões em investimentos até 2030, segundo a Federação das Indústrias do Ceará (FIEC).
A transição energética no estado conta com um trunfo: o conhecimento técnico acumulado durante décadas de atuação no setor de óleo e gás, agora adaptado à nova realidade dos parques eólicos offshore. “O mesmo saber que construiu plataformas de petróleo agora pode erguer turbinas no mar”, afirma o engenheiro cearense Guilherme Farias, radicado em Singapura e com mais de 15 anos de experiência internacional.
Potencial comprovado
Estudos do Centro de Energias Renováveis da Universidade Federal do Ceará (UFC) indicam que o litoral cearense tem capacidade para gerar até 40 GW em energia eólica offshore — o suficiente para abastecer cerca de 30 milhões de residências.
O Complexo Industrial e Portuário do Pecém, com calado profundo e vocação para operações offshore, já negocia com ao menos 12 empresas interessadas em usá-lo como base para instalação e manutenção de turbinas. Além disso, instituições como o SENAI-CE têm adaptado cursos técnicos para capacitar profissionais em eólica marítima.
Tecnologia nacional e inovação
A Petrobras e a UFC desenvolveram, em parceria com o SENAI, o Sistema Bravo — um flutuador oceânico equipado com tecnologia LiDAR, que mede velocidade dos ventos e outros parâmetros marítimos. O equipamento, movido a energia solar e projetado para resistir às condições do oceano, é essencial para o mapeamento do potencial eólico em águas brasileiras.
A segunda fase do projeto prevê a instalação de cinco novos flutuadores até o fim de 2025, com investimento de R$ 60 milhões. Os dados obtidos serão fundamentais para o planejamento de novos parques eólicos e para consolidar o Brasil como referência global no setor.
Entraves e próximos passos
Apesar do otimismo, especialistas alertam para gargalos no licenciamento ambiental, que já causaram atrasos de até dois anos nos projetos iniciais. Também há necessidade de políticas mais robustas para atrair fabricantes de turbinas e componentes.
O governo do Ceará prepara um pacote de incentivos fiscais para estimular a instalação de fábricas no estado, enquanto a FIEC articula a criação de um cluster tecnológico no Pecém voltado à energia offshore.
Números que impressionam
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40 GW – Potencial eólico offshore do Ceará
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R$ 50 bi – Investimentos previstos até 2030
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12 empresas – Negociam uso do Pecém como base
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10 m/s – Velocidade média dos ventos no litoral
Cronograma estimado
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2025 – Testes com turbinas flutuantes
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2026 – Primeiro leilão federal para áreas no Ceará
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2028 – Início da operação do primeiro parque comercial
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