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E Se Não Chover em 2016? Quais Alternativas?

E se Não Chover em 2016? Quais as Alternativas?

João Batista Pontes

 

         Viver ou sobreviver nas regiões semiáridas se torna, a cada ano, mais difícil. A escassez de água e a degradação ambiental, com a crescente intensificação do processo de desertificação ­- fenômenos originados pelas mudanças climáticas e pela intervenção humana desordenada no meio ambiente – estão a agravar a dramática situação das populações que habitam o semiárido brasileiro.

E o cenário que os pesquisadores desenham para o futuro não é nada animador: na região da Caatinga, por exemplo, deverá haver, nas próximas três décadas (portanto, até 2040), aumento de até 1ºC na temperatura e decréscimo das chuvas, entre 10 e 20% (INPE, Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e outros).

No Ceará, após quatro anos de poucas chuvas, a situação é desesperadora. As reservas de água nos açudes alcançam níveis baixíssimos. Em grande parte dos municípios, os mananciais que abasteciam a população já secaram há muito tempo. E o pior, segundo dados da FUNCEME – Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, ainda que não se possa fazer um diagnóstico preciso, as possibilidades de chuvas para 2016 não são animadoras.

São previsões preocupantes, que estão sendo confirmadas pela realidade. O que fazer para assegurar condições de permanência e de desenvolvimento das populações humanas nessas regiões? Quais as alternativas de fornecimento de água à população, caso não chova o suficiente em 2016?

Este é uma questão da maior relevância e que está a exigir a atenção das autoridades e de toda a sociedade que vive nas regiões mais atingidas pela escassez de água. As alternativas são poucas e, dentre elas, destaca-se a captação de água subterrânea, por meio de poços profundos.

No entanto, bom que se esclareça, as rochas cristalinas (sem porosidade) que predominam na região do semiárido cearense, não são potencialmente favoráveis à acumulação de grandes volumes de água. De fato, nesse tipo de rocha, os reservatórios de água subterrâneos ficam restritos às zonas fraturadas. Por isto, para maximizar as possibilidades de êxito, é necessário que se identifique, por meio de levantamentos geológicos, as zonas mais fraturadas/falhadas para aí concentrar a perfuração de poços.

Também seria necessário que, diante da baixa potencialidade hídrica subterrânea dos terrenos cristalinos, as autoridades dos municípios mais atingidos pela escassez de água procurassem viabilizar, mesmo que em localidades mais distantes, mananciais ou poços profundos e o transporte da água aos seus munícipes (carros pipas), especialmente para atendimento das populações de mais baixa renda, sem condições de arcar com os custos cada vez mais elevados da água necessária à sobrevivência.

É vergonhoso que, mesmo nos municípios beneficiados com água transportada por longas distância, por meio de adutoras, como no caso de Nova Russas, o poder público local não tenha viabilizado o sistema de tratamento necessário ao fornecimento de água de boa qualidade, em condições de ser usada pela população.

No médio/longo prazo, transparece a necessidade de se desenvolver uma readaptação do ser humano ao meio em que ele vive, por meio de uma verdadeira mudança cultural. Todos devem ser conscientizados de que a permanência de sua cidade, que a sua vida e a de todos os seres dependem dos cuidados e das técnicas apropriadas que ele adotar no seu relacionamento com o meio ambiente – fauna, flora, água, solo etc.

A escassez de água é, sem dúvida, o aspecto mais dramático. De fato, o crescente agravamento da falta de água deve levar as pessoas a adotar uma nova forma de pensar, agir e usar esse recurso natural essencial à vida, inclusive mudando seus hábitos e costumes.

A iniciativa de motivar e promover essa mudança cultural é do poder público. No entanto, todos os segmentos da sociedade devem dela participar de forma ativa, notadamente as associações da sociedade civil e as instituições de ensino de todos os níveis.

De imediato, é imprescindível que a sociedade se mobilize e exija que as autoridades públicas considerem a possibilidade de poucas chuvas em 2016 e, desde logo, planejem e implementem ações com vistas a garantir o fornecimento de água para a sobrevivência das populações locais.

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