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“Caos”: concurso público gera revolta em mais de 200 candidatos

“Caos”: concurso público gera revolta em mais de 200 candidatos
Ascom Urca

Um concurso público realizado pela Universidade Regional do Cariri (Urca), publicizado pela instituição como “o maior de sua história”, tem causado dor de cabeça em concorrentes que apontaram falhas na divulgação das notas. O andamento do edital N° 05/2022, que dispõe de 184 vagas, está sendo caracterizado como um “caos” por inconstâncias de informações, atraso na divulgação das notas, e falta de transparência, o que levantou as suspeitas dos candidatos sobre a confiabilidade de todo o processo. Ao todo, mais de 200 estudantes estão envolvidos na confusão.

A professora Bruna Almeida, de 29 anos, pagou R$ 250 para realizar a prova escrita no último domingo (06/11). Na última quinta-feira (09/11), ela descobriu que não foi uma das selecionadas para a prova didática, a segunda etapa do processo. No entanto, sua nota não foi divulgada no sistema, retirando o seu direito de contestar o resultado. Após a divulgação, Bruna, que havia tentado o contato através de e-mail e pelo telefone, teve que se deslocar à unidade de ensino para obter uma resposta.

“Questionei o porquê de minha nota não está no sistema, e terem lançado chamada para prova didática. A resposta foi: ‘se seu nome não está na lista você não foi aprovada’. Eu disse que sabia, mas que estava no direito de saber minha nota”, explica.

A equipe responsável pelo atendimento chegou a questionar se Bruna havia realmente feito a prova, mesmo a candidata apresentando o comprovante. Após uma espera de quatro horas, ela saiu da Urca às 20h, sem esclarecimento algum.

“Nem nota eu tive. Então ou perderam a minha prova, ou nem corrigiram”, lamenta.

O caso de Bruna é semelhante ao de outros concursados que apontaram erros no andamento do edital, como notas que são retiradas do sistema após a divulgação.

Quem vai corrigir?

Os relatos de candidatos de departamentos específicos apontam ainda para uma desorganização na realização do concurso. Segundo um dos concorrentes, que prefere não revelar sua identidade, uma banca responsável para dar continuidade ao andamento do setor de Enfermagem Saúde Coletiva ainda não foi definida, mesmo quatro dias após a realização da prova. ”Estávamos aí aguardando o lançamento da banca, que, segundo o edital, devia ter sido feito antes da prova teórica. Isso não foi feito, fizemos a prova teórica sem saber a banca”, relata. Até a divulgação desta matéria, nem o espelho da prova ou a banca do setor foram divulgados.

De acordo com a fonte, a universidade explicou que teve dificuldade em formar uma banca por “conflitos de interesses”. O concorrente afirma que também não teve as solicitações atendidas. “Mando e-mail, telefono, ninguém responde. As respostas são geralmente genéricas, e isso compromete muito a transparência e a lisura do processo e do concurso em si, que pelo próprio edital isso não poderia estar acontecendo”, declara.

“Fica uma situação extremamente conflituosa e desagradável para a gente, que está investindo tempo, dinheiro. Tem toda uma mobilização de tempo e de vida pra você estar aqui, e todo esse descaso é realmente revoltante”

Falta de transparência

A Rede ANC conversou com um servidor, que também prefere não se identificar, sobre o caso. “Essa desorganização já é marca da Urca”, pontua a fonte. O servidor confirma a ausência de uma banca em outros setores e aponta incoerências no decorrer do concurso, como a entrega do currículo estar marcada para o mesmo horário em que alguns dos concorrentes estarão realizando a prova. “Tá super bagunçado. Tem vaga que já saiu a lista dos aprovados pra didática, mas não sai as notas de todos os concorrentes. Você consegue consultar apenas a sua nota no sistema, na área do candidato”, afirma.

“Quem garante, então, que essas notas não serão alteradas depois? Cadê a transparência do processo?”

Não são apenas as pessoas que não foram para a segunda etapa que relatam insatisfação com o andamento do edital. De acordo com outro concorrente, tanto os funcionários quanto os candidatos estão passando por situações constrangedoras por conta da lentidão do processo. “Ontem passei mais de sete horas esperando para autenticar documentos. Ninguém sabe informar nada. A Comissão não se comunica. Mesmo os servidores que estão autenticando e se esforçando não conseguem fazer tudo. O nível de desrespeito é até com eles, que estão passando fome. Os candidatos ontem que foram oferecendo comida aos autenticadores”, explica o profissional.

A espera pelo sorteio (quando este é o único critério de desempate) também provoca reações adversas para quem aguarda uma posição. “Tem candidato tendo crise de pânico, passando fome na espera, candidato que não sabe se vai ter seu sorteio em 30 min, como ocorreu ontem”, afirma.

O que diz a universidade?

A Rede ANC entrou em contato com a Universidade Regional do Cariri através de e-mail e telefone, mas não obteve resposta. A Rede concede esse espaço para o pronunciamento da instituição, assim que ele for enviado. A Rede ANC aguarda também o posicionamento do Ministério Público do Ceará (MPCE), que chegou a ser cobrado por estudantes para que ocorra uma fiscalização no andamento do concurso.

ATUALIZAÇÃO 1: após reclamações sobre a ausência de notas no sistema, a Urca publicou pronunciamento afirmando que “irá retirar os resultados dos setores de estudos afetados e realizar uma nova leitura das planilhas de avaliação e divulgar o resultado retificado”.

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