A pandemia apresentou diversas dificuldades para quem sonha em entrar na universidade, incluindo a difícil sociabilização entre os estudantes, a falta de acesso aos professores e a administração do tempo. Uma maior dedicação para entrar no mercado de trabalho se tornou necessária, e é um preço que muitos estudantes não estão dispostos a pagar. A pandemia elevou os índices de evasão universitária nas instituíções privadas, subindo de 30% em 2019 para 35,9% no ensino presencial de 2020; e de 35% em 2019 para 40% no Ensino a Distância (EAD) em 2020, segundo dados do Mapa do Ensino Superior no Brasil, do Instituto Sindicato das Entidades Mantenedoras do Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp).
Apesar do Brasil carecer de pesquisas que refletem o descontentamento dos jovens com o ensino superior, a psicóloga Dayra Pereira revela que o isolamento social proporcionou mais reflexão acerca dos motivos pelos quais a desilusão com o grau de ensino aumentou. “Um dos principais motivos, na verdade, acho que é o motivo que engloba todos os outros, e é exatamente a romantização da universidade. A gente vive toda o nosso histórico e vida escolar com aquela falsa sensação de que a universidade, ingressar na faculdade, passar no vestibular, é o objetivo final. Então poucas pessoas conseguem enxergar além disso”, afirma a psicóloga.
Decisões tomadas pelos pais acerca da profissão é um dos principais motivos que levam os jovens a tomar uma escolha precipitada quando o assunto é o curso que desejam seguir. Hitalo da Silva Souza, de 24 anos, é cantor mas cursou três anos de radiologia. “Quando eu estava cursando, percebi que não era aquilo que eu queria para mim. Mas mesmo assim, continuei e terminei a faculdade. Mas terminei infeliz e continuei infeliz, e desde que finalizei não tive mais interesse em obter um emprego e estudar mais nada”, afirmou o artista.
Para os jovens recém-saídos do ensino médio, a mentoria de carreira é uma chance de escolher um curso mais adequado ao seu projeto de vida. “Todas as pessoas tem dificuldade de realmente estar feliz e ter sucesso na sua carreira, e os jovens recém saídos do ensino médio ainda tem muitos questionamentos do que realmente querem para sua vida e carreira, onde deixam a decisão ser tomados por seus pais ou pessoas que acham que tal profissão é a melhor ou que vai dar dinheiro”, destaca a mentora Fabiana Jesus, que atua em Fortaleza.
A mentoria é uma opção para obter um direcionamento específico e Fabiana afirma que é uma oportunidade para o autoconhecimento e posicionamento da sua marca profissional. “Desenvolver o autoconhecimento é essencial para fazer escolhas mais assertivas e também tem testes científicos na psicologia, como Bateria de Fator Personalidade (BFP) e Avaliação dos Interesses Profissionais (AIP), que são aplicados por psicólogos e que ajudam no processo de escolha e aptidão profissional”, revela a mentora.
“Eu já não me identificava com o curso antes mesmo de ter escolhido, mas continuei com ele pelos benefícios que todo mundo acha que ele dá, como aposentadoria precoce e menos carga de horária durante a semana”, relata Hitalo de Souza. O depoimento do egresso de radiologia revela um motivo muito comum para os equívocos cometidos durante a escolha do curso: as expectativas de pais e responsáveis sobre o estudante. “Tem essa questão dos pais, da cobrança de ingressar em um curso que talvez você não queria, o que aumenta a possibilidade de gerar esse ambiente de frustração”, explica a psicóloga Dayra Pereira.
No entanto, superar o medo e as pressões externas é algo fundamental, como revela a mentora de carreira, Fabiana Jesus. “Ao procurar uma mentora de carreira e a orientação profissional, ela vai entender o que quer para o seu futuro profissional e caso não goste, ela entende que poderá mudar quantas vezes quiser. Porém, com orientação e direção esse caminho se torna mais assertivo, fazendo o que a pessoa realmente deseja e não o que lhe é imposto”.