Com a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, diversas atividades foram paralisadas ou tiveram de passar por uma adaptação. Na lista, as aulas da rede municipal de centenas de unidades escolares do Ceará adotaram ao sistema de ensino à distância para que os alunos não pudessem ser prejudicados, perdendo o ano letivo.
Porém, alguns exemplos levantam a indagação: todos os estudantes da rede pública possuem acesso suficiente a equipamentos tecnológicos para assistirem às aulas de forma remota? Em Ipu (a 300km de Fortaleza), a dona de casa Ana Passos comparece diariamente à calçada de uma distribuidora de gás para utilizar o Wi-fi do local, para que sua filha de sete anos possa acompanhar as aulas pela internet.
Após o caso ganhar espaço em Ipu, correspondentes da Rádio Cidade informaram que a professora Irisley Timbó, técnica da Secretaria Municipal de Educação, procurou Ana Passos para arcar com a instalação da internet em sua residência. Até o momento, Ana Júlia acessava às aulas através do celular da mãe. “Celularzinho é ruim, mas tava me servindo”, ressalta a mãe. O fato mobilizou uma empresa provedora de internet local, que realizou a doação de um tablete para que a criança pudesse ter acesso às aulas.

Histórico
Com o anúncio da retomada das aulas de Ana Júlia – sete anos – à distância, também veio a preocupação pela falta de internet em sua residência. A mãe relata que a única alternativa foi solicitar a senha do Wi-fi de diversos estabelecimentos e vizinhos, até que alguém pudesse conceder o acesso. “Pensei: ‘e agora?’. Minha filha estuda nas esquinas por não ter internet em casa. Aonde eu chego, eu peço uma senha, fico no meio do sol, mas a bichinha estuda.”, explica.
Ana Passos, que também é mãe de outra criança de um ano de idade, revela que, mesmo com a dificuldade, se sente satisfeita ao receber o retorno das professoras de Ana Júlia. Possuindo o ensino fundamental completo, Ana é enfática em esclarecer que deseja que a filha chegue mais longe.”Ela concluiu as provas e todas as professoras disseram que ela está de parabéns; eu nunca tive isso, só fiz até a oitava série. Não me formei, mas quero que ela se forme”, afirma.
Futuro
Em entrevista ao repórter Francisco José, a declaração da aluna do 1º ano do ensino fundamental da escola Maria Laura Sampaio revela que, mesmo aos sete anos, Ana Júlia enxerga o caminho da educação como uma chave para mudar toda e qualquer realidade. parece. “A matéria que mais gosto é matemática, e quero ser professora quando eu crescer”.
(Colaboraram Francisco José, Hélio Lopes e Edvani Lopes)