
Até setembro de 2025, o Ceará registrou o furto de mais de 161 quilômetros de cabos de energia elétrica, impactando mais de 390 mil imóveis em todo o Estado. As ações criminosas somaram cerca de 430 ocorrências, embora a projeção para o ano indique uma redução de 38% nos casos em relação a 2024.
Os dados foram divulgados pela Enel Ceará, em parceria com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), durante o lançamento de um projeto com nanotecnologia voltado para coibir esse tipo de crime, ocorrido na manhã desta quinta-feira, 23, em Fortaleza.
Fortaleza lidera ranking de furtos
A Capital cearense ocupa o primeiro lugar entre os municípios com maior volume de furtos, com 27 quilômetros de cabos subtraídos, seguida por Beberibe (22,7 km), Caucaia (12,3 km), Camocim (11 km), Aquiraz (7,5 km), Amontada (7,5 km), Jaguaribe (7 km), Cascavel (6,9 km), Acaraú (5,3 km) e Itapipoca (4,9 km).
No mesmo período, a Enel identificou mais de 900 registros de furtos de equipamentos da rede elétrica, incluindo condutores e outros dispositivos. As cidades com mais ocorrências são Fortaleza (367), Aquiraz (50), Beberibe (44), Acaraú (32) e Caucaia (32).
Tinta com nanotecnologia cria “DNA” em cabos de energia

O novo projeto utiliza uma tinta especial com micropartículas de nanotecnologia, capaz de criar um DNA exclusivo nos cabos de energia, o que permite a identificação do material em casos de furto ou comercialização irregular.
A substância, registrada em cartório e exclusiva do Ceará, é transparente, resistente às condições climáticas e não interfere na operação elétrica. Ao se integrar ao cobre, ela marca o material quimicamente de forma permanente, mesmo que o fio seja triturado ou derretido.
Segundo o gerente de operações da Enel, Marcelo Gomes, a aplicação ocorre em três etapas:
“A gente trabalha para que o cabo seja construído com o DNA, já saí de fábrica. Aplicamos jatos com o líquido em cabos que não foram construídos com a tecnologia, e por fim, fazemos a aplicação com a rede já em produção”, explicou
Ele destaca ainda que o processo não afeta o fornecimento de energia, permitindo que a população não sofra interrupções durante a aplicação.
Crime e punições

Os crimes de furto de cabos elétricos e receptação de materiais furtados continuam previstos em lei, com penas de 1 a 8 anos de reclusão. Além de causar prejuízos financeiros, essas ações representam risco à população, podendo provocar curtos-circuitos e deixar fios energizados expostos ao solo, o que coloca vidas em perigo.
O furto de cabos também compromete a qualidade do fornecimento de energia, resultando em interrupções para milhares de consumidores.
Força-tarefa e novas legislações
Com apoio dos órgãos de segurança pública, a Enel intensificou ações de investigação e fiscalização em campo, incluindo visitas a sucatas e ferros-velhos em todo o território cearense. A força-tarefa, iniciada em maio, busca identificar receptadores e recuperar materiais furtados.
Além disso, novas leis federal (15.181/2025) e estadual (19.268/2025) passaram a endurecer as penas para esse tipo de delito, reforçando as ações de controle, fiscalização e punição de empresas envolvidas com a prática.
A companhia também informou que vem substituindo cabos de cobre por versões em alumínio ou aço cobreado em áreas com alto índice de furtos, a fim de reduzir os prejuízos e aumentar a segurança da rede.
População pode denunciar
A Enel reforça que a participação da população é essencial no combate a esse tipo de crime. Denúncias podem ser feitas pelos números (85) 3453-4060 ou (85) 99993-9526 (WhatsApp).
A orientação é que, caso moradores observem pessoas ou veículos sem o uniforme completo da distribuidora atuando na rede elétrica, comuniquem imediatamente à empresa ou às autoridades competentes.


