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Esquema de fraudes no INSS tem epicentro no Ceará e envolve empresários, advogados e ex-deputada

A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal deflagraram a operação “Sem Desconto”, que apura um esquema de desvios de recursos do INSS. Segundo as investigações, pelo menos R$ 1,3 bilhão teriam sido subtraídos de aposentadorias por meio de descontos indevidos nos benefícios, sem consentimento dos segurados. O foco da fraude estaria no Ceará e envolve nomes de peso do empresariado, da política e do meio jurídico local.

Os principais alvos da investigação:

  • Natjo de Lima Pinheiro: Empresário do ramo da saúde, apontado como um dos líderes do esquema. Teria utilizado laranjas para ocultar a movimentação do dinheiro. Seu patrimônio inclui clínicas, carros de luxo e uma mansão avaliada em R$ 27 milhões.

  • Cecília Rodrigues Mota: Advogada com padrão de vida elevado, incluindo 33 viagens internacionais em menos de um ano. Ela é suspeita de comandar o núcleo financeiro da fraude e de presidir duas associações (AAPB e AAPEN) que formalizaram acordos com o INSS.

  • Gorete Pereira: Ex-deputada federal (PR-CE), que atuou como procuradora da AAPEN. Teria autorizado acordos com o INSS e movimentado cerca de R$ 245 mil em operações consideradas suspeitas entre 2018 e 2023.

Como funcionava o esquema:

Descontos mensais eram aplicados diretamente nos benefícios de aposentados vinculados a associações, como a AAPB e a AAPEN, sem que houvesse autorização formal dos beneficiários. Essas entidades firmaram Acordos de Cooperação Técnica com o INSS, o que conferia aparente legalidade às cobranças.

A investigação revelou um padrão de vida incompatível com as atividades declaradas dos envolvidos, incluindo viagens de luxo — como uma para Dubai com 31 malas — e a compra de artigos de alto valor, como sapatos de R$ 40 mil e carros de marcas como Ferrari e Rolls-Royce.

Escala nacional e impacto:

Ao todo, 11 associações estão na mira da CGU, com sedes em 13 estados. Três delas estão localizadas em Fortaleza. O valor total de cobranças indevidas identificadas até o momento ultrapassa R$ 6,3 bilhões.

A OAB-CE confirmou que abriu um processo disciplinar contra Cecília Mota, mas o caso segue sob sigilo.

O que está em jogo:

O escândalo revela brechas graves nas relações entre o INSS, entidades de representação de aposentados e escritórios de advocacia, que possibilitaram a formalização de descontos sem controle efetivo. A presença de uma ex-parlamentar no núcleo da operação reforça o alcance político do esquema e levanta questionamentos sobre a fiscalização dos acordos firmados por essas associações.

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