O estudo Os Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens registrou que a circulação de opiniões e conteúdos políticos tem diminuído em redes sociais baseadas em mensagens privadas. O destaque vai para o WhatsApp, especialmente em grupos de família, amigos e trabalho.
Divulgado nesta segunda-feira (15/12), o levantamento foi realizado pelo InternetLab e pela Rede Conhecimento Social, instituições independentes e sem fins lucrativos. De acordo com a pesquisa, 56% afirmou evitar se posicionar politicamente por considerar o ambiente das conversas agressivo. Essa percepção foi observada entre participantes de diferentes orientações ideológicas: 63% dos que se identificam como de esquerda, 66% dos de centro e 61% dos de direita.
O levantamento aponta ainda que o WhatsApp é utilizado majoritariamente para interação social e profissional. Entre os respondentes, 54% participam de grupos de família, 53% de grupos de amigos e 38% de grupos de trabalho. Em contraste, apenas 6% afirmaram integrar grupos voltados especificamente ao debate político, percentual inferior ao registrado em 2020, quando era de 10%.
A queda no compartilhamento de mensagens sobre política, políticos e governo é confirmada pela comparação entre 2021 e 2024. Nos grupos familiares, a proporção de usuários que relatavam esse tipo de conteúdo com frequência caiu de 34% para 27%. Entre amigos, o índice recuou de 38% para 24%, enquanto nos grupos profissionais passou de 16% para 11%.
Segundo os pesquisadores, esse movimento tem levado ao fortalecimento de comportamentos de autorregulação. Entre os entrevistados, 52% afirmaram se policiar cada vez mais sobre o que compartilham nos grupos, enquanto 50% disseram evitar conversas políticas no ambiente familiar para prevenir conflitos.
A cautela também se reflete na seleção de conteúdos. O estudo mostra que 65% evitam compartilhar mensagens que possam confrontar valores de outras pessoas. Além disso, 29% relataram já ter deixado grupos por não se sentirem confortáveis para expressar opiniões políticas.
Posicionamento
Apesar da retração, o levantamento identificou que uma parcela dos usuários mantém uma postura mais ativa. Do total de entrevistados, 12% afirmaram compartilhar conteúdos considerados importantes mesmo que causem desconforto e 18% disseram se posicionar sempre que acreditam em determinada ideia.
Entre os 44% que se declararam seguros para falar sobre política no WhatsApp, 34% preferem discutir o tema em conversas privadas, 30% utilizam mensagens de humor e 29% restringem o debate a grupos com pessoas de posicionamento semelhante. Para a diretora do InternetLab e uma das autoras do estudo, Heloisa Massaro, os dados indicam que o uso do aplicativo para comunicação política passou por um processo de amadurecimento
“Ao longo do tempo, a gente vai observando essa ética de grupos nas relações dos aplicativos de mensagem para falar sobre política se desenvolvendo”, observou.
Metodologia
A pesquisa foi realizada de forma online entre 20 de novembro e 10 de dezembro de 2024, com 3.113 pessoas de 16 anos ou mais, de todas as regiões do país. O estudo contou com apoio financeiro do WhatsApp, que, segundo o InternetLab, não teve ingerência sobre a metodologia ou os resultados.
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