O uso indiscriminado de esteróides anabolizantes entre jovens praticantes de atividade física tem motivado alguns estudos entre especialistas da área da saúde. As análises indicam que a prevalência do consumo dessas substâncias varia entre 2,1% e 31,6% entre praticantes de exercícios recreativos, conforme a região do país e o perfil da população analisada.
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), aproximadamente 15% dos jovens que praticam musculação de forma intensiva e fazem uso de anabolizantes apresentam marcadores compatíveis com infertilidade. A entidade aponta que os efeitos adversos associados ao uso de hormônios sem prescrição médica têm sido observados com maior frequência em consultórios de urologia, andrologia e endocrinologia.

Relatórios clínicos sobre infertilidade masculina associada ao consumo de esteróides indicam a ocorrência da chamada supressão do eixo hormonal. Nesse processo, o uso de testosterona reduz a produção natural do hormônio pelo organismo, levando à diminuição ou interrupção da produção de espermatozoides.
De acordo com o urologista Emanuel Veras, a recuperação da produção espermática após a interrupção do uso pode variar entre os pacientes. Em alguns casos, o restabelecimento ocorre após meses ou anos, enquanto em outros a função não retorna aos níveis considerados normais.
“Outras complicações frequentes que observamos nos pacientes são atrofia testicular, diminuição da libido, dificuldade de ereção e ginecomastia, quando o tecido mamário do homem cresce”, explica o médico.

Além dos efeitos sobre o sistema reprodutivo, o uso de esteróides anabolizantes está relacionado a alterações hepáticas e ao desequilíbrio do perfil lipídico. Isso porque há aumento do colesterol LDL, considerado ruim, e redução do HDL, considerado bom. Esses fatores elevam o risco cardiovascular. Alterações comportamentais, como aumento da agressividade e dependência psicológica, também são relatadas na literatura médica.
O impacto desse cenário se estende ao sistema público de saúde. Conforme destaca o urologista Diego Capibaribe, jovens que desenvolvem infertilidade ou hipogonadismo, que é a redução da produção de testosterona, em decorrência do uso de anabolizantes podem demandar acompanhamento prolongado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os atendimentos incluem terapias de reposição hormonal e tratamentos de fertilidade de maior complexidade.
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