Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) alerta para os impactos negativos do uso frequente de fones de ouvido na saúde auditiva dos adolescentes. A pesquisa, que investigou os hábitos de uso de fones de ouvido entre jovens, concluiu que muitos adolescentes correm o risco de sofrer perda auditiva já no início da fase adulta, caso não mudem seus hábitos.
O estudo entrevistou 249 crianças de uma escola pública em São Paulo, incluindo 139 meninos e 110 meninas, com idades entre 10 e 17 anos. A partir dos questionários, os pesquisadores puderam entender como e quando esses adolescentes usavam os fones de ouvido.
“Descobrimos que as meninas usam fones de ouvido por mais tempo, enquanto os meninos os utilizam em volumes mais altos. Ambos preferem o tipo mais prejudicial: o fone de ouvido oclusivo”, explica o pediatra Manoel de Nóbrega, autor do estudo e presidente do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).
A pesquisa revelou que uma grande parte dos adolescentes ouve música e assiste a vídeos em volumes superiores ao recomendado. Cerca de 28% das meninas e 35,8% dos meninos admitem exagerar na intensidade do som. Esse hábito, caso seja mantido, pode levar a perda auditiva permanente e zumbidos em até cinco anos, especialmente se o volume excessivo for usado por mais de uma hora diariamente.
O uso prolongado de fones de ouvido não só afeta a audição, mas também pode aumentar o risco de infecções. Conforme o médico, depois de uma hora de uso, o número de bactérias na região do ouvido pode aumentar até 700 vezes. “Se o seu ouvido coça demais, pode ser que você tenha contraído algum tipo de infecção. Fone de ouvido é igual a uma escova de dentes: nunca se deve compartilhar com outras pessoas”, conclui o pediatra.
Orientações
Os jovens entrevistados frequentemente usam fones intra-auriculares por mais de uma hora por dia e em ambientes ruidosos, como transporte público. Esses são hábitos que agravam os riscos à saúde auditiva. Por isso, o especialista recomenda que os adolescentes adotem fones que cobrem as orelhas e possuem cancelamento ativo de ruído, além de evitar o uso de fones em ônibus, trens ou metrôs. Ele também sugere consultas regulares com um otorrinolaringologista para monitorar a saúde auditiva.
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