A sessão desta terça-feira (9) na Câmara dos Deputados terminou em clima de tensão e polêmica. O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi expulso do plenário, enquanto a transmissão oficial da sessão foi interrompida, e tanto parlamentares quanto jornalistas denunciaram agressões cometidas pela polícia legislativa a mando do presidente da Casa, Hugo Mota (Republicanos-PB).
Após a expulsão e as agressões, Glauber fez um pronunciamento, destacando a defesa das liberdades democráticas e afirmando que sua luta não se limita ao mandato:
“Que até o último minuto, o último minuto… Eu queria ter uma fala preparada para esse momento, mas não tem. Me desculpem pelo cansaço, mas até o último minuto eu vou estar lutando. Não é, não é por mim, pelo mandato, não. Eu vou estar lutando para que eles não firam as liberdades democráticas num pacote golpista, como eles estão tentando fazer, porque eu sei que hoje fazem comigo, amanhã fazem com outras forças populares. E isso não tem como aceitar. Obrigado por toda a solidariedade em todas as partes. Se imaginavam que esse era um passo para eu ficar calado, para intimidar outros deputados e deputadas que lutam por liberdades democráticas, estão muito enganados, porque essa luta não acabou e não vai acabar por aqui. Obrigado.”
A deputada Sâmia Bomfim (PSB-SP) também se manifestou sobre o episódio, ressaltando a violação de direitos da imprensa e as agressões sofridas no plenário:
“Isso é um direito da imprensa e do povo brasileiro, que infelizmente foi ferido no dia de hoje. E eu quero também registrar que houve agressão ao deputado Glauber, à deputada Célia e a mim, e também a jornalistas que estavam cobrindo a sessão. A polícia legislativa, a mão do presidente Hugo Mota, agrediu no mínimo três parlamentares e diversos profissionais da imprensa no plenário. Pedimos diálogo, mas fomos ignorados. Todo o Brasil foi pego de surpresa com a pauta absurda desta semana, que propõe anistia aos golpistas e livrar a cara de Eduardo Bolsonaro, enquanto caçam quem está nos Estados Unidos conspirando contra o Brasil, atacando nossa economia e ameaçando com poder bélico. Me parece que ou não há noção da gravidade do que isso significa, ou há conivência.”
Sâmia criticou ainda a postura do presidente da Câmara, que teria descumprido compromissos de diálogo com a bancada antes de levar o processo ao plenário:
“Presidente Hugo Mota, que começou seu mandato citando Ulisses Guimarães e falando em democracia, hoje mostrou que tem um lado. Sempre tive uma relação cordial com ele, e se disser o contrário, há milhares de testemunhas para desmenti-lo. Ele nos prometeu procurar nossa bancada antes de colocar o processo do Glauber no plenário. Não o fez e ainda tentou criar uma equiparação com Carlos Zambelli.”
O episódio gerou ampla repercussão entre jornalistas e organizações de mídia, que consideraram a interrupção da transmissão e as agressões um ataque direto à cobertura parlamentar e ao direito da população de acompanhar debates legislativos.


