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Facebook lança moeda própria para “reinventar o dinheiro”

O Facebook lançará em 2020 sua própria moeda: a Libra. Os usuários do WhatsApp e Messenger poderão trocar dinheiro a partir de sua carteira digital e o Facebook também vai oferecer o serviço como um aplicativo independente.

No documento de apresentação a rede afirma que o principal objetivo desta nova moeda será facilitar a troca de dinheiro no mundo em desenvolvimento – “1,7 bilhão de pessoas não têm conta bancária, 31% da população do mundo”, diz a empresa na Internet ao apresentar o projeto. A Libra pretende chegar a esses usuários: seria a conta deles, com a qual podem poupar, pagar e fazer transferências. Sobre o custo das remessas, o Facebook apenas diz que será “sem custo ou a baixo custo”.

O Facebook lançou a sua nova moeda em um vídeo com foco em países em desenvolvimento, no qual cita Manila e Cidade do México, e num momento em que os Estados Unidos dormem, mas o restante do mundo está acordado. É uma mensagem clara de que o país de origem do Facebook não é a prioridade da Libra, cuja sede legal será na Suíça.

Com a expectativa de criar uma revolução no setor financeiro, o Facebook diz que chegou a hora da “Internet do dinheiro”, como se fosse a próxima fase após a “internet das coisas”. Na última conferência do Facebook para desenvolvedores, Mark Zuckerberg, o fundador da empresa, disse que “deverá ser tão fácil enviar dinheiro pela rede como é hoje enviar uma foto”. Este projeto, sobre o qual havia rumores há meses, é o cumprimento desse desejo.

Ao apresentar a Calibra, que é o nome da subsidiária do Facebook que fornece serviços financeiros, a empresa expõe um documento inicial que estabelece os princípios da moeda: “Uma criptomoeda de baixa volatilidade, com base em blockchaindescentralizado com o objetivo de criar uma nova oportunidade para a inovação de serviços financeiros responsáveis”.

O Facebook criou sua própria tecnologia blockchain para gerenciar a Libra. O blockchain é um sistema de servidores compartilhados mantido por grupos independentes que certificam as transações que ocorrem nessas redes. Ninguém tem todo o controle.

A Libra estará atrelada a uma reserva real – a reserva Libra – e poderá ser trocada por outras moedas reais com base em uma taxa de câmbio estável. “Para ajudar a dar confiança a uma nova moeda e alcançar uma maior adoção no início, tradicionalmente as notas do país podiam ser trocadas por recursos reais, como o ouro. Em vez de embasar a Libra com o ouro, ela será apoiada por um conjunto de recursos de baixa volatilidade, tais como depósitos bancários e valores públicos de curto prazo de moedas de bancos centrais estáveis e de reputação”. Este detalhe é o que mais distancia a Libra das criptomoedas comuns, como o bitcoin, que não têm uma reserva por trás e cuja taxa de câmbio varia com facilidade.

A direção da Libra ficará a cargo da Associação Libra, com sede em Genebra(Suíça), e será composta pelos parceiros do Facebook nesta iniciativa. A rede conta com até 100 empresas com ramificações associadas ao projeto quando for lançado ao mercado em 2020, mas, por ora, já há nomes impactantes de vários setores: Mastercard, Paypal, Visa, Booking, eBay, Spotify, Uber, Vodafone, Coinbase, Kiva e Banco Mundial das Mulheres. Seu objetivo será “coordenar e prover de um marco a administração da rede e também dirigir os empréstimos de impacto social em apoio da inclusão financeira”.

O Facebook vai manter privilégios de gerenciamento do projeto em todo 2019, mas, depois de lançado, será um entre os parceiros fundadores. “O Facebook, e suas afiliadas, terão os mesmos compromissos, privilégios e obrigações financeiras como qualquer outro membro fundador. O papel do Facebook na administração da associação será o mesmo que o de seus pares”, diz o documento.

Os usuários de criptomoedas

A Libra tem poucas características que vão satisfazer os usuários habituais de criptomoedas: “As pessoas da cripto valorizam a liberdade de não precisar de um banco para operar. O Facebook não é a empresa com a melhor reputação para isso e menos ainda havendo muitas outras empresas que verão todas as operações da rede “, diz Raúl Marcos, especialista em criptomoedas e fundador da Carbono.

Mas pode, sim, ser “um passo positivo” para os mercados em desenvolvimento. A preocupação agora com as receitas com a Libra não parece ser a prioridade diante da possibilidade futura de se tornar o grande banco das pessoas que não têm banco. “Se, por enquanto, o mercado que eles estão tentando atacar é o setor de transferência internacional de dinheiro, como a Western Union, eles têm muita margem para ganhar algo com comissões”, diz Marcos.

As dúvidas subjacentes permanecem sendo as informações que serão conhecidas pelo grupo de empresas que controlam os hubs: “Essa informação é muito valiosa. Pode ser que somente vejam que alguém chamado ‘1x4j’ enviou dinheiro para ’34b’, mas se um dos dois fizerem a transação de seu Facebook, talvez o Facebook saiba”, diz Marcos. O foco nos países em desenvolvimento – onde a privacidade não é sua principal preocupação – pode fazer com que esses desafios não afetem tanto o futuro da Libra.

Outra das acusações tradicionais às criptomoedas que o Facebook tenta evitar desde o início é o seu uso ilegal: “a Calibra adotará um programa eficaz de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo”, diz o Facebook em sua lista de intenções.

EL PAÍS

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