PUBLICIDADE

Flávio Bolsonaro pede desculpas a Michelle após disputa interna no PL

A crise que tomou conta do Partido Liberal (PL) nos últimos dias, envolvendo Michelle Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, ganhou um capítulo decisivo nesta terça-feira (2). Depois de trocas públicas de críticas e tensão dentro do núcleo familiar, Flávio afirmou ter pedido desculpas à madrasta pelo embate que se formou em torno das articulações políticas do partido no Ceará.

O atrito começou quando Michelle, durante o lançamento da pré-candidatura de Eduardo Girão (Novo) ao Governo do Ceará, criticou abertamente a possibilidade de o PL apoiar Ciro Gomes nas eleições de 2026. Ela classificou a movimentação como incoerente com os valores defendidos pelo bolsonarismo e expôs sua discordância diante de apoiadores e dirigentes partidários.

A fala gerou forte reação dos filhos do ex-presidente. Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro fizeram críticas públicas à postura de Michelle. O senador chegou a chamá-la de “autoritária” e a afirmar que ela teria “atropelado” a autoridade do pai, Jair Bolsonaro que, apesar de preso desde novembro, segue sendo a figura central nas decisões estratégicas do partido.

A tensão se agravou ao longo da semana, expondo fissuras na relação familiar e no comando político do PL. Porém, após visitar o pai na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, Flávio adotou tom mais conciliador. Ao sair do encontro, afirmou que procurou Michelle para se desculpar e que ela também se desculpou. Segundo ele, o episódio está “resolvido” e não deixou mágoas duradouras.

Além do gesto, Flávio defendeu que o PL precisa estabelecer uma rotina de decisões coletivas, evitando que divergências internas ganhem proporções públicas. A direção nacional do partido marcou, inclusive, uma reunião para discutir regras mais claras para processos internos de consulta e alinhamento, especialmente em estados onde as alianças eleitorais são consideradas sensíveis.

Nos bastidores, dirigentes avaliam que o conflito expôs falhas de comunicação dentro da legenda, que vive um momento turbulento com o ex-presidente afastado da articulação e com disputas silenciosas por espaço e influência. Embora o pedido de desculpas tenha acalmado a crise momentaneamente, o caso evidencia o quanto a sucessão de protagonismo dentro do bolsonarismo segue aberta — e, por vezes, conflituosa.

Enquanto isso, a negociação no Ceará, que deu origem à discórdia, foi temporariamente suspensa. A direção local do PL ainda não decidiu se manterá a aproximação com Ciro Gomes ou se recuará de vez diante da rejeição da ala ligada à família Bolsonaro.

A reconciliação entre Michelle e Flávio alivia a pressão sobre o partido e tenta restaurar a imagem de unidade, mas a disputa interna exibiu, mais uma vez, que o comando político do bolsonarismo está em uma encruzilhada. O desfecho desse e de outros embates deverá influenciar não apenas o futuro do PL, mas também a estratégia da família na disputa nacional de 2026.

WhatsApp
Facebook
Twitter
Telegram
Imprimir