O geólogo, pesquisador e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Aldenor Pereira Pontes, se reuniu, na tarde dessa quinta-feira (11), com o presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), João Lúcia Farias de Oliveira, juntamente com o grupo técnico da instituição.
Segundo o professor, o encontro serviu para apresentar a descoberta sobre a possibilidade de existência de uma área propícia à abertura de poços jorrantes de alta vazão, em Messejana, na Capital.
O local foi descoberto durante a perfuração de um poço profundo no terreno de uma escola municipal no dia 2 de agosto. Mesmo com a reunião, alguns pontos não puderam ser tratados, como uma data para iniciar os estudos geológicos no local e um possível posicionamento da Cogerh para que a área seja protegida. Com o estudo geológico feito e comprovada a existência de uma província hidrogeológica, a área se torna de proteção ambiental e estratégica, proibindo a perfuração de poços privados, garantindo a preservação dessa reserva.
Como o secretário de Recursos Hídricos estava ausente, nada foi decidido, conforme Aldenor. “Em um segundo momento vou me reunir com o secretário de recursos hídricos. Com ele podemos dirigir essa pesquisa e quais seriam os órgãos que ficariam responsáveis, além do Instituto Federal. Hoje não foi nada fechado”, afirma o professor.
Demanda
Uma reunião com o chefe de gabinete do governador estava marcada para acontecer na noite de ontem. Entretanto acabou adiada devido o surgimento de uma outra demanda. O geólogo aguarda um novo contato para apresentar as descobertas e definir os próximo passos.
De acordo com Aldenor, a descoberta tem grande impacto porque, em Fortaleza, os poços têm, em média, dois mil litros de água por hora. Na área prospectada verificou-se um poço a apenas 62 metros de profundidade com uma produção estimada inicialmente de 100.000 litros/hora. Além da alta produtividade, ele é jorrante. “Os dois fatores são indicativos fortes para que exista essa província hidrogeológica”, afirma ele que relata a existência de outro poço perfurado na mesma região com uma vazão de cerca de 50.000 litros/hora.
“Essa pesquisa aponta uma mudança de paradigma. Até então, podíamos dizer que a geologia de Fortaleza apresentava um baixo potencial de águas subterrâneas, com uma produção insignificante. Agora, com esses dois exemplos, isso muda. Só a vazão de um poço dessa qualidade seria capaz de abastecer uma cidade com 25 mil habitantes”, exemplifica o professor, que reforça ainda que a o aquífero raro também apresentou uma qualidade altíssima de pureza da água, não comum na região.
Ceará privilegia perfurações em diferentes áreas
Dentro do processo que visa garantir a segurança hídrica no Estado, sobretudo diante de um longo período de seca, uma estratégia tem sido cada vez mais considerada: a busca por perfurações de poços.
O governador Camilo Santana anunciou, entre as medidas do “Plano de Convivência com a Seca”, 200 intervenções a serem realizadas com a construção, abertura de novos poços e instalação dos já existentes em equipamentos do governo, como escolas, hospitais e creches. Algumas perfurações já foram feitas tanto na Região Metropolitana de Fortaleza como no Interior.
No Diário Oficial do Estado, publicado no último dia 3, que dispõe sobre as diretrizes para a elaboração da Lei Orçamentária de 2017, a pesquisa e a aquisição de equipamento e perfuração de poços aparece como uma das prioridades.
D.N.