Em Barbalha, a 527 km de Fortaleza, uma equipe médica foi surpreendida ao se deparar com uma gravidez fora do comum. No mês passado, o Hospital Maternidade São Vicente de Paulo (HMSVP) recebeu a recém-nascida Geovana Eloá, que nasceu com 35 semanas de gestação fora do útero de sua mãe, Gênattan Morais.
Essa condição, conhecida como gestação extra-uterina, abdominal ou, cientificamente, gestação ectópica, ocorre quando o óvulo não pode ser fertilizado nas trompas de Falópio e se aloja em outros órgãos do corpo. No caso de Gênattan, as trompas uterinas não puderam ser utilizadas, fazendo com que a gestação ocorresse na região abdominal. Segundo a residente de ginecologia e obstetrícia do HMSVP, Luana Cruz, isso ocorre uma vez a cada 100 mil casos.

A gravidez extra-uterina já havia sido cogitada anteriormente, quando Gênattan realizou exames em Juazeiro do Norte. No entanto, diante da possibilidade, a gestante foi conduzida para o Hospital Maternidade São Vicente de Paulo, em Barbalha, para receber a assistência necessária.
Os médicos reuniram uma equipe com mais de dez profissionais, incluindo obstetras, cirurgião vascular e oncologista. Também foi necessário um trabalho junto à família da criança, para a ciência sobre as possíveis complicações para mãe e bebê.
Estudo
O caso é considerado ainda mais raro, pois ocorreu fora das trompas, que é onde a grande maioria das gestações ectópicas se desenvolvem. Essa particularidade interferiu na coleta de informações sobre como lidar com o caso, fazendo com que o preparo para a cirurgia tenha se baseado em pesquisa bibliográfica, leitura de artigos e publicações sobre o tema. No entanto, na maioria dos casos estudados, o resultado trazia complicações para a mãe ou para o bebê, podendo haver até mortes.
No caso da gravidez de Gênattan, a pequena Eloá apresenta algumas sequelas no abdômen e no fêmur em decorrência do desenvolvimento do feto no local atípico. Porém, a criança nasceu saudável e os problemas podem ser solucionadas com fisioterapia.
“É importante para a medicina poder realmente publicar o caso e isso servir como base para outros profissionais. ‘Tá, mas lá em Barbalha, no Cariri, no interior do Ceará, teve um caso em que houve sucesso em uma gestação de 35 semanas, bem avançada. Como foi que eles fizeram? Quais os passos que seguiram? Como foi o planejamento cirúrgico? Preparo para o operatório? O cuidado pós-operatório? Como foi que procederam?’ Vai servir como base e fonte de pesquisa para outros profissionais”, disse Luana.
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