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Indicação de Lula e grampos telefônicos elevam tensão a nível máximo

20150316124826_20789_795811890506249_8840973996230482982_nO País prendeu a respiração ontem após divulgação de ligações entre Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula alçar a novos níveis a tensão na política nacional. Em grampos liberados pelo juiz Sérgio Moro, Dilma dá indícios de que nomeou o petista para tentar evitar sua prisão. Esperança do governo para arrefecimento da crise política, indicação de Lula para a Casa Civil acabou tendo efeito inverso – despertando inconformismo e protestos por todo o País.

Nos telefonemas, incluídos ontem por Moro na Lava Jato, a presidente diz que encaminhará a Lula seu “termo de posse” como ministro. “Só use em caso de necessidade”, diz Dilma. Como ministros podem ser julgados apenas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), investigadores interpretam fala como tentativa de evitar possível prisão de Lula decretada por Moro.

A divulgação ocorreu poucas horas após Dilma, em entrevista coletiva, negar que indicação buscava evitar julgamento de Lula pela Justiça Federal em Curitiba. Em nota, o Planalto negou tese de obstrução e disse que fala teve “teor republicano”. O governo diz ainda que o “vazamento” do áudio foi “afronta aos direitos e garantias” e que irá tomar “medidas judiciais e administrativas” contra o juiz.

No despacho em que tornou públicos os telefonemas, Sérgio Moro justificou a ação pelo “interesse público” envolvido nas conversas. A própria gravação entre Lula e Dilma, no entanto, foi gravada horas após Sérgio Moro ter mandado suspender as interceptações telefônicas envolvendo o ex-presidente.

Desdobramentos

Poucas horas após confirmada a nomeação do ex-presidente, protestos espontâneos tiveram início em várias cidades. Em Brasília, manifestantes ocuparam a Praça dos Três Poderes e a frente do Palácio da Alvorada, onde Dilma se reunia com ministros. Já em Fortaleza, centenas se reuniram na Praça Portugal em protesto contra a nomeação.

Em nota, a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) repudiou telefonema divulgado em que Lula cita o novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão. Na conversa, o ex-presidente fala que o ministro “parece nosso amigo”, mas reclama em seguida por Aragão nunca ter prestado apoio ao governo enquanto subprocurador-geral da República.

Para a ADPF, as menções demonstram “clara intenção de que o novo ministro interfira nas ações da Polícia Federal”. Outra conversa de Lula, onde ele chama a Suprema Corte de “acovardada”, foi recebida ontem com perplexidade por ministros do STF.

A crise gerada após nomeação de Lula e divulgação dos grampos vai na contramão do que diz pretender o Planalto. Classificado por Dilma como “articulador hábil”, o ex-presidente era vendido pelo governo como promessa de diálogo com Congresso e a população. Ministro a partir desta sexta-feira, Lula tem difícil missão de apaziguar ânimos na política e economia nacionais.

O.P.Online

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