
A Polícia Federal realizou, na manhã desta sexta-feira (18/07), uma operação que teve como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ação cumpriu mandados autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na residência do ex-presidente, em Brasília. Segundo um investigador, em depoimento a um veículo nacional, a PF teve o objetivo de instaurar medidas cautelares, diante da possibilidade de o ex-presidente fugir do Brasil.
O objetivo é preservar a segurança dos processos, já que Bolsonaro “deu sinais de que pode recorrer a uma embaixada para fugir do país”, afirmou um dos agentes envolvidos na investigação. Ainda segundo a Polícia Federal, Jair Bolsonaro tem sido investigado por tentar interferir na interdependência dos poderes, arquitetar um golpe de Estado e ameaçar a soberania nacional.
Bolsonaro veio a público se pronunciar à imprensa logo após a operação. Segundo o ex-presidente, ele deverá cumprir medidas restritivas, tais como horários determinados para se recolher, proibição de utilizar as redes sociais, bem como o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica.
As investigações também apontam para indícios de que Bolsonaro esteja contribuindo para que o Brasil sofra sanções de outras nações, a exemplo do que tem sido praticado pelos Estados Unidos a taxar produtos brasileiros. Para a PF, Bolsonaro incentivou Trump, presidente dos Estados Unidos, a utilizar a taxação dos produtos em troca da anistia a Bolsonaro e a apoiadores envolvidos na depredação ocorrida na Praça dos Três Poderes, em 2023.
Ainda segundo esse investigador, Bolsonaro admitiu publicamente que financiou a operação que seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, está fazendo nos Estados Unidos para adotar medidas contra o Brasil.
Autorização do STF, sob determinação de Alexandre de Moraes
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, responsável por autorizar a operação, afirmou que Bolsonaro cometeu gravíssimos crimes contra a soberania nacional e a independência do Poder Judiciário.
Para Alexandre de Moraes, nenhuma autoridade, por mais conhecida que seja, está acima da lei. “Está plenamente demonstrado o risco de dano grave ou de difícil reparação, em razão dos indícios de cometimento de gravíssimos crimes contra a soberania nacional e a independência do Poder Judiciário, mediante uso de grave ameaça, em razão da existência de uma campanha criminosa”, afirmou.
Defesa de Bolsonaro e reação de apoiadores
Ver essa foto no Instagram
Uma publicação compartilhada por A Notícia do Ceará – Rede ANC (@anoticiadoceara)
Em nota, a defesa do ex-presidente afirmou que recebeu com “surpresa e indignação” a imposição de medidas cautelares “severas” contra ele. Segundo os advogados, Bolsonaro sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário.
O Partido Liberal também se manifestou e afirmou que vê com “estranheza e repúdio”, diante da ação da Polícia Federal realizada nesta sexta-feira, a operação que incluiu mandados de busca na residência do presidente Jair Bolsonaro e na sala que ocupa na sede nacional do partido.
O deputado federal André Fernandes (PL-CE) reagiu à operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro. Na avaliação do parlamentar, as medidas tomadas contra o ex-presidente configuram uma perseguição política. Em vídeo publicado nas redes sociais, André Fernandes se dirige a Alexandre de Moraes como “covarde”, como também afirmou que “a tua hora vai chegar”.
Apesar do tom da declaração, André Fernandes afirmou que aquilo não era uma ameaça, mas a certeza da ‘lei do retorno’. “Tem de ser muito inocente ou muito babaca para ainda aplaudir as atitudes de Alexandre de Moraes. Você ainda não percebeu que o STF é um câncer no Brasil, e em especial Alexandre de Moraes? Um ministro que derrubou uma decisão do Congresso Nacional com uma canetada […] Hoje o STF está perseguindo Jair Bolsonaro. Isso é uma vergonha. Alexandre de Moraes é uma vergonha. Alexandre de Moraes, você vai pagar por tudo que você está fazendo. Vai chegar a tua hora e isso não é uma ameaça, mas a lei do retorno”, enfatizou.
“Fugir do Brasil”: em pronunciamento, Bolsonaro diz que se sentiu humilhado em nova operação
Jair Bolsonaro conversou com a imprensa logo após a operação da Polícia Federal em sua residência, em Brasília. Na ocasião, o ex-presidente deu detalhes da operação da PF e afirmou que não tinha o objetivo de fazer aquilo que foi cogitado pela Polícia Federal, como, por exemplo, fugir do País.
“Meus advogados tem de tomar conhecimento do inquérito que liberou as cautelares a mim. Estou restrito à Brasília e com tornozeleira. Fizeram uma apreensão na casa e pegaram R$7 mil. Também pegaram aproximadamente 14 mil dólares, tudo devidamente com origem. No momento, é um novo inquérito. Estou dentro dele. O inquérito do golpe é político”, afirmou.
O ex-presidente também voltou a repercutir o que declarou em outras entrevistas, ao afirmar que os atos registrados no dia 8 de janeiro de 2023 não configuravam golpe de Estado.
“Não tem nada de concreto ali. A própria Polícia Federal não encontrou no 8 de janeiro. O PGR além do que viu . Não tem prova de nada. Golpe no domingo, sem forças armadas, sem nada? Espero que o julgamento seja técnico e não político. Nunca pensei em fugir do Brasil e ir para uma embaixada. As cautelares foram em função disso”, detalhou.
Ver essa foto no Instagram
Uma publicação compartilhada por A Notícia do Ceará – Rede ANC (@anoticiadoceara)
Acompanhe mais notícias da Rede ANC através do Instagram, Spotify ou da Rádio ANC