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Jovens negros enfrentam mais dificuldades para concluir os estudos, mostra pesquisa

Um levantamento sobre as perspectivas da juventude brasileira, publicado pelo British Council na última segunda-feira (20), revelou que três em cada cinco jovens que interrompem os estudos antes do ensino superior são negros. Entre os que abandonam o ensino médio ou básico, 63% se declaram pretos ou pardos, enquanto 33% são brancos.

O estudo mostra que, embora os negros representem 55,5% da população brasileira, eles ainda são minoria entre os universitários e predominam nos índices de evasão escolar. Entre os jovens de 19 a 24 anos, metade não estuda nem possui diploma universitário, e muitos relatam enfrentar dificuldades financeiras, situações de violência, trabalho informal e limitações para suprir necessidades básicas.

Foto: Reprodução

A pesquisa apontou os principais motivos para a interrupção dos estudos: restrições financeiras (39%), responsabilidades familiares e cuidado de irmãos ou filhos (19%), problemas de transporte (19%), apoio insuficiente de professores (18%) e falta de acesso a cursos de qualidade (17%).

Além da análise quantitativa com 3.248 jovens de 16 a 35 anos, o levantamento incluiu entrevistas e grupos focais com jovens de grupos marginalizados e a criação de um comitê consultivo. Os dados indicam ainda que metade dos entrevistados considera a educação no Brasil de baixa qualidade, sendo o índice ainda maior entre moradores de favelas (68%) e periferias (58%).

A desigualdade também se reflete nos rendimentos. Jovens pretos ganham 31% a menos que a média, enquanto pardos ficam 12% abaixo da média, e mais da metade dos jovens pretos recebe menos de 1,5 salário mínimo por mês.

O estudo revelou ainda que experiências de racismo são comuns. Entre jovens pretos, 86% relataram já ter sido vítimas de discriminação, enquanto entre pardos o índice é de 71%. Situações como piadas sobre aparência, apelidos racistas e suspeitas de menor capacidade ou inteligência são frequentes.

O relatório enfatiza a necessidade de políticas públicas que promovam acesso equitativo à cultura, inclusão digital, formação pedagógica antirracista e participação efetiva dos jovens na elaboração de programas voltados à juventude, além de avaliações de impacto de políticas em nível municipal, estadual e federal.

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