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Juíza cassa vereadores de Limoeiro por suspeita de troca de votos por óculos

Uma decisão da Justiça Eleitoral resultou na cassação dos mandatos de cinco vereadores de Limoeiro do Norte, além da anulação dos votos obtidos. O julgamento foi conduzido pela juíza Marília Ferreira de Souza Varella Barca, da 29ª Zona Eleitoral, que apontou indícios de abuso de poder econômico nas eleições municipais de 2024. Segundo a sentença, os parlamentares são acusados de participar de um esquema de distribuição de óculos de grau em troca de votos.

A Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) foi apresentada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) contra os vereadores Cabo Rubem (PL), Lauro Machado (PL) e Professor Márcio (PT), além dos suplentes Mazinho Maia da Net (PSD) e Lívia de Dr. Lindenor (PSB). O processo teve origem após uma operação policial que revelou indícios de favorecimento eleitoral com a entrega gratuita de produtos oftalmológicos.

As investigações começaram quando Emanuela Márcia Silva de Sousa foi presa em flagrante, em outubro de 2024, durante a entrega de um par de óculos. No mesmo local, os agentes apreenderam 94 santinhos de campanha, 74 óculos de grau e um caderno de anotações com nomes e iniciais de candidatos. Conforme o MPE, o material indicava o uso de uma ótica para oferecer consultas e óculos gratuitamente, em troca de apoio político.

De acordo com a promotoria, os depoimentos de Emanuela e dos funcionários do estabelecimento contêm contradições. O órgão reforça que não há explicação legítima para a presença dos nomes dos candidatos na lista, considerando que nenhum deles possui vínculo com a ótica ou exerce atividade médica. Para o Ministério Público, o conjunto das provas demonstra a prática de compra de votos mediante entrega de brindes.

Juíza cassa vereadores de Limoeiro por suspeita de troca de votos por óculos
Foto: Reprodução

Durante o julgamento, a juíza também avaliou dados extraídos de celulares e notas fiscais da ótica, que apresentaram aumento nas vendas entre agosto e setembro de 2024, período que antecedeu a votação. Embora o nome de Mazinho Maia não apareça no caderno de anotações, ele foi citado em depoimentos e teve santinhos apreendidos junto ao material entregue à eleitora presa em flagrante.

Defesas

A defesa dos acusados apresentou diferentes argumentos. Cabo Rubem, Lauro Machado e Professor Márcio questionaram a validade das provas, afirmando que elas foram obtidas de forma ilícita. Lívia de Dr. Lindenor sustentou que jamais distribuiu óculos com fins eleitorais e que seu apoio se deu de forma espontânea. Já os advogados de Mazinho Maia alegaram ilegitimidade passiva e ausência de provas que o liguem ao episódio.

Em nota nas redes sociais, Cabo Rubem e Lauro Machado informaram que irão recorrer e ressaltaram que continuam exercendo seus mandatos. Ambos afirmaram acreditar na reversão do caso no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

O vereador Professor Márcio adotou posicionamento semelhante, afirmando que a decisão será contestada nas instâncias superiores. A suplente Lívia Maia também declarou que recorrerá e que seguirá “apresentando todos os esclarecimentos necessários” à Justiça.

Por sua vez, o suplente Mazinho Maia da Net disse receber a decisão “com muita tristeza” e negou qualquer envolvimento. Segundo sua versão, os santinhos mencionados na sentença teriam sido “encontrados na casa vizinha ao local, onde o material foi apreendido”.

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