Ele transportou a Sagrada Família quando José e Maria fugiram com o menino Jesus da perseguição do rei Herodes. Também esteve ao lado do filho de Deus quando da entrada de Jesus em Jerusalém. O animal já foi a inspiração para música do cantor Luiz Gonzaga e, em Brasília, em 1980, quando da visita do Papa João Paulo II, um motorista do Senado Federal doou ao papa um jumento, batizado de Jericar. O animal, que tanto ajudou o sertanejo, tão comum pelos sertões do Nordeste, hoje está ameaçado de extinção.
Segundo o Ministério da Agricultura, mensalmente são abatidos em média seis mil jumentos no Brasil, mas o número pode ser bem maior. Entre 2015 e 2019, o abate dos animais aumentou em 8 mil por cento. Um projeto, que tramita há mais de dois anos na Câmara dos Deputados proíbe o abate de equídeos e equinos (jumentos, jegues e cavalos) para o comércio de carne, pele e outras partes. A proposta foi aprovada em 2022 pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, mas dois anos depois ainda não foi aprovada para votação em Plenário. Enquanto isso, milhares de jumentos são sacrificados.
De acordo com o Ministério da Agricultura, o principal motivo para o abatimento do animal é a produção de uma gelatina fabricada com o couro do jumento, utilizada na medicina tradicional chinesa. O valor de cada pele pode chegar a US$ 4 mil. Especialistas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, emitiram um alerta sobre a aceleração do processo de extinção dos jumentos, fato que, segundo eles, prejudica a biodiversidade brasileira.
Para além dos prejuízos à biodiversidade, ainda existe a questão dos maus tratos aos animais. Antes do abate, os jumentos são privados de água, alimento, abrigo e cuidados veterinários.