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Justiça mantém prisão de empresário ligado a ‘Bebeto do Choró’

Foto: Reprodução

Os magistrados da Vara de Delitos de Organizações Criminosas do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) decidiram que o empresário Maurício Gomes Coelho, conhecido como ‘MK’, deve permanecer preso. ‘MK’ é apontado como testa de ferro de Carlos Alberto Queiroz, o ‘Bebeto do Choró’, denunciado por lavagem de dinheiro, participação em organização criminosa e tentativa de homicídio.

A defesa do empresário solicitou a revogação da prisão preventiva e a concessão de prisão domiciliar. O Ministério Público do Ceará (MPCE) se manifestou de forma contrária, e os juízes ressaltaram que “o contexto marcado pelas investigações realizadas dão conta, neste primeiro momento, da sua participação na organização criminosa ora investigada, sendo que sua custódia cautelar mostra-se necessária para a garantia da ordem pública, em razão da efetiva periculosidade do agente”.

“O fato do requerente ser suspeito de integrar bando criminoso voltado à prática da lavagem de dinheiro, é uma situação que não podemos fechar os olhos, sendo que a manutenção de sua prisão se faz adequada e justificada, a bem da ordem pública e também para desestruturar a aludida organização evitando a arregimentação de novos membros”, disseram os juízes.

Enquanto o empresário continua preso, Bebeto segue foragido. Contra o prefeito eleito, alvo de operação da Polícia Federal, há um mandado de prisão em aberto há cerca de 10 meses.

‘Presídio Especial’

Maurício Gomes chegou a passar seis meses recolhido em uma espécie de unidade prisional especial no Ceará, destinada a públicos vulneráveis.

A ‘MK’ foi encaminhado à Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes (UP-Imelda), localizada em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), em 28 de novembro de 2024, por deliberação da Comissão de Avaliação de Transferência e Gestão de Vagas (CATVA), da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP).

A UP-Imelda foi inaugurada em julho de 2016. “O perfil dos internos da unidade são gays, travestis, bissexuais, idosos, cadeirantes e aqueles que respondem à Lei Maria da Penha. Lá, eles recebem atendimento psicossocial, médico, dentre outras atividades pensadas especialmente para esses públicos”, descreve o site da SAP, sobre a Unidade.

Embora não se enquadrasse no perfil dos internos, ‘MK’ permaneceu na unidade até maio de 2025, quando a reportagem questionou a SAP sobre o motivo de sua custódia naquele presídio.

Posteriormente, ele foi transferido para a Unidade Prisional de Aquiraz (UP-Aquiraz) — antigo Centro de Detenção Provisória (CDP).

Série de crimes

O empresário Maurício Gomes Coelho foi preso em 8 de novembro de 2024, em um condomínio de alto padrão onde morava, no bairro Benfica, em Fortaleza, suspeito de tentativa de homicídio.

Na ocasião, foram apreendidos com ele uma pistola 9 milímetros, 12 munições, três rádios comunicadores, dois celulares e um colete balístico. O empresário foi autuado em flagrante pelo crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

De acordo com o Ministério Público do Ceará, Maurício teria se aliado à facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) para tentar assassinar um motorista de ‘Bebeto do Choró’, em um posto de combustíveis de Canindé, no dia 6 de outubro de 2024, data do último pleito municipal.

Também foram denunciados pelo MPCE: Francisco Flávio Silva Ferreira (Bozinho), apontado como um dos líderes da GDE na região; Micael Santos Sousa (Teo); Antônio Daniel Alves Ribeiro (Niel); Francisco Gleidson dos Santos Freitas; e Tamires Almeida Ribeiro.

Licitações

Quando Maurício ingressou no setor de licitações, por meio da empresa aberta em seu nome, MK Serviços em Construção e Transporte Escolar, era 2020, e ele ainda trabalhava como vigilante. Em 2021, o faturamento da empresa foi modesto, mas cresceu de forma expressiva nos anos seguintes.

Em 2022, a empresa movimentou cerca de R$ 7 milhões. Em 2023, o valor subiu para R$ 30 milhões, e em 2024, chegou a R$ 80 milhões. A reportagem apurou que, somente em Canindé, a MK faturou cerca de R$ 5 milhões em 2024.

No dia 5 de dezembro do mesmo ano, já preso, ‘MK’ foi alvo de outro mandado de prisão preventiva, em uma operação da Polícia Federal (PF) que investigava um esquema de compra de votos em dezenas de municípios cearenses.

Ele foi identificado como ‘laranja’ do então prefeito eleito de Choró, Bebeto Queiroz, que segue foragido desde então e teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral.

Segundo as investigações, Maurício, que antes recebia R$ 2,5 mil como vigilante, tornou-se empresário e proprietário da MK Serviços em Construção e Transporte Escolar, empresa com capital social de R$ 8,5 milhões, vencedora de diversas licitações em prefeituras do Interior cearense.

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