
O fenômeno climático La Niña pode reaparecer até o encerramento de 2025 e provocar efeitos positivos para o Ceará, especialmente no acréscimo do volume de precipitações no estado. Apesar de as alterações climáticas geralmente causarem impactos negativos em escala global, neste caso, o panorama pode ser benéfico à região Nordeste. De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), os efeitos devem ser mais sentidos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
A Fundação Cearense de Meteorologia ainda não confirmou oficialmente o retorno da La Niña, mas já identifica sinais consistentes. “Nós temos condições de resfriamento no Pacífico Equatorial, o que, se persistir por mais meses, pelo menos até o início de janeiro, nós teremos sim um evento de La Niña”, explicou o meteorologista Francisco Vasconcelos Júnior. Ele acrescenta que “atualmente nós temos um resfriamento na região equatorial do Pacífico e os primeiros acoplamentos entre o oceano e a atmosfera”, o que indica a possível configuração do fenômeno.
A expectativa é elevada também no setor hídrico. Conforme Yuri Castro, presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), a La Niña pode colaborar diretamente para a recomposição dos reservatórios do estado. “Quando se está no quadro de La Niña é um momento propício para que nós possamos ter grandes aportes aos nossos reservatórios. Já que estamos aí com 45% da capacidade total de acumulação, é uma acumulação até boa para o período, mas nós vamos terminar o ano com menos de 40%”, destacou.
O fenômeno pode ainda beneficiar a agricultura, especialmente os pequenos produtores do interior do Ceará, que dependem de chuvas regulares. Para Francisco José de Sousa, presidente do Sindicato Rural de Horizonte, os efeitos podem ser determinantes. “Considerando que o estado tem 70% da média de pequenos produtores que cultivam culturas de sequeiro, será de fundamental importância. O impacto será altamente positivo para o estado”, afirmou.
Apesar das previsões animadoras, os órgãos de meteorologia permanecem em alerta e continuarão o acompanhamento constante das condições climáticas nas próximas semanas. Há regiões em situação confortável, como a Bacia do Litoral e a Bacia do Alto Jaguaribe, com até 80% da capacidade de reservação. No entanto, há áreas em estado delicado, como os sertões de Crateús, que operam com pouco mais de 13% da capacidade.
Se o La Niña realmente se confirmar e persistir nos próximos meses, as projeções para o início de 2026 são animadoras. “Caso tenhamos uma La Niña, já é um bom sinal para que possamos ter um inverno acima da média histórica”, concluiu Francisco Vasconcelos.