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Madalena: Caverna com escrituras rupestres terá mapeamento 3D

ITATIRA, CE, BRASIL, 10-11-2015: Casa de Pedra. Descoberta de caverna no estado do Ceará localizada no município de Itatira. (Foto: Rodrigo Carvalho/O POVO)

Contar uma história que remonta ao surgimento dos primeiros animais, passa pela ocupação dos primeiros seres humanos no Ceará e chega a um presente de degradação e vandalismo. Esse é o objetivo de um grupo de trabalho que realizará pesquisa arqueológica com o mapeamento em 3D (três dimensões) da caverna Casa de Pedra, em Madalena, a 180 quilômetros de Fortaleza. O POVO mostrou a caverna em novembro de 2015.

O grupo de trabalho reúne a Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Ministério Público Estadual do Ceará (MPCE).

A geologia do local foi moldada em um tipo de rocha que se formou há 600 milhões de anos, muito provavelmente abaixo do nível do mar. A formação da caverna aconteceu entre 65 e 2,6 milhões de anos. Chamam a atenção as pinturas rupestres que podem ter mais de 3 mil anos. Além de serem as primeiras do tipo encontradas em cavernas no Ceará, elas podem indicar as mais antigas ocupações
humanas no Estado.

No entanto, lixo e pichações têm ameaçado a caverna que, segundo especialistas, tem grande potencial arqueológico, paleontológico, educativo e turístico. De acordo com o arqueólogo e técnico do Iphan, Thalison dos Santos, será realizado trabalho educativo a fim de reverter o processo de degradação que está muito sistematizado. Ele afirma que podem ser encontrados vestígios da presença humana que modifiquem o panorama da arqueologia no Nordeste. “Há indícios de ocupação humana no Piauí de 20 mil a 40 mil anos atrás. No Rio Grande do Norte, há vestígios com 10 mil anos. Mas, no Ceará, as datações são muito mais recentes, com aproximadamente 4,5 mil anos”.

De acordo com o gestor ambiental da Sema, Felipe Monteiro, a caverna pode ser aberta à visitação até o fim do ano e se transformar numa espécie de “caverna-escola”, para pesquisar o “homem das cavernas do Ceará”. O projeto é orçado em cerca de R$ 323 mil, com recursos do Fundo de Direitos Difusos (FDID).

Dependendo da conclusão do estudo, que pode durar um ano, no entorno da caverna pode ser instalada uma Unidade de Conservação (UC). Independentemente do parecer do grupo, o patrimônio arqueológico já é protegido pela lei federal nº 3.924, de 1961.

A rocha em que se formou a Casa de Pedra, em Madalena, foi formada há cerca de 600 milhões de anos, mesmo período em que viveram os primeiros animais.

A caverna em si é de formação bem mais recente (entre 65 e 2,6 milhões de anos atrás).

Há pelo menos três mil anos, povos pré-históricos que habitaram a região de Madalena fizeram inscrições rupestres que incluíam figuras humanas.

Nas últimas décadas, a caverna passou a apresentar pichações e lixo.

Segundo o artigo 175 da Constituição Federal, “os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza existentes no território nacional e todos os elementos que neles se encontram ficam sob a guarda e proteção do Poder Público”.

O.P.Online

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