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Maioria das cuidadoras no São João do Tauape são mulheres negras e sem remuneração

Os dados preliminares da pesquisa “O trabalho de cuidado nas comunidades de Fortaleza: o retrato do São João do Tauape” foram apresentados nesta segunda-feira (30) durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). O levantamento mostra que 86,46% das cuidadoras da região são mulheres negras, a maioria sem receber qualquer remuneração pelo trabalho que realizam.

A pesquisa é resultado de uma parceria entre a Secretaria do Trabalho do Ceará, a Universidade Federal do Ceará (UFC), por meio do Programa Cientista Chefe, e a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). Ao todo, 145 famílias foram entrevistadas nos bairros São João do Tauape, Lagamar e Alto da Balança.

Entre os dados apresentados, destaca-se que 94,88% dos cuidadores são mulheres, das quais 54,13% assumem sozinhas as tarefas de cuidado. Apenas 6,12% são homens. Do total de cuidadores, 80,98% não exercem atividade profissional remunerada e 87,7% não recebem nenhuma remuneração pelo cuidado que prestam. Além disso, 82,31% afirmam gastar do próprio bolso com medicamentos, alimentação e outros itens.

A maioria das cuidadoras tem entre 30 e 59 anos (64%), enquanto 27,45% têm mais de 60 anos. Já entre as pessoas cuidadas, 49,3% têm até 10 anos de idade, 16,7% estão entre 11 e 17 anos, e 13,7% são idosos de 71 a 90 anos.

A pesquisa também revelou que 46,66% das pessoas assistidas não têm autonomia para realizar cuidados pessoais e 82,59% demandam mais de oito horas de cuidado por dia. Apesar disso, apenas 13% dos cuidadores são profissionais da área, e quase 80% trabalham com contratos informais.

O estudo apontou ainda impactos na saúde e na vida pessoal das cuidadoras: 63,95% relataram ter adoecido nos últimos 12 meses; 53% apresentaram sintomas de doenças mentais; 16,36% sofreram acidentes durante o trabalho; 41,5% pararam de trabalhar total ou parcialmente; e 45,58% precisaram reduzir suas horas de trabalho. Metade das pessoas entrevistadas disse não ter projetos pessoais ativos nem esperança sobre o futuro.

A expectativa é que a pesquisa seja expandida para outros territórios de Fortaleza, como Grande Bom Jardim, Grande Messejana e Barra do Ceará, e contribua para a formulação de políticas públicas voltadas à valorização do trabalho de cuidado.

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