Entrevistado no programa Informativo ANC, o ex-presidente do Sindicato dos Médicos, Edmar Fernandes, revelou que foi alvo de represália em alguns municípios do Estado. Em um dos episódios, Edmar relata que chegou a ser ameaçado de morte por denunciar a precarização do Hospital Municipal de Chaval, a 450km de Fortaleza. Segundo o médico, as falhas do equipamento vão da estrutura até os serviços prestados.
Em suas redes sociais, o médico carrega a marca de realizar um trabalho de fiscalização. Segundo o profissional, o papel de cobrar melhorias para a categoria resulta numa melhor oferta de serviços de Saúde prestados à população. No entanto, Edmar admite os riscos de uma postura denunciativa. Além de Chaval, Edmar revela que recebeu retornos semelhantes em cidades como Capistrano e Horizonte. “Chaval é uma cidade linda e de um povo maravilhoso, mas a Saúde é precária. O hospital estava todo enferrujado, mais parecia uma casa mal assombrada. Fiz uma denúncia e lá gravaram vídeos me rebatendo. O médico que estava com salário atrasado me disse que tudo era verdade. Depois eu recebi uma mensagem aqui de uma pessoa dizendo que eu parasse com essas denúncias porque lá havia muitos casos de ameaça de morte. Quer dizer, foi uma indireta”.
O ex-presidente do Sindicato dos Médicos esclareceu que o trabalho de fiscalização não pode ser confundido com perseguição e politicagem. Edmar Fernandes afirma que todas as denúncias recebidas são devidamente checadas. No entanto, a maioria das informações recebidas bate com o que é verificado nos mais diversos equipamentos de Saúde do Ceará. “Em Granja, ficaram chateados comigo. Mas eu fui checar e lá só tem médicos em alguns dias da semana. Se você for em Caucaia, tem greve todos meses. Tem hospital que não tem um kit para fazer uma cirurgia”, destacou.
Atraso no pagamento
Outro ponto tocado pelo profissional foi a respeito da falta de pagamento. Edmar Fernandes relatou que a postura do sindicato é dar a oportunidade para que as Prefeituras possam regularizar a situação do trabalhador. No entanto, quando não há o interesse manifesto em solucionar as pendências, a cobrança pode passar para as esferas jurídicas.
Para haver um controle sobre essas pendências, o sindicato criou o “Devedômetro“. Através dessa ferramenta, é realizado um levantamento mensal que revela quais municípios estão em débito com os médicos que atuam nas respectivas cidades.
Em outubro, o Devedômetro registrou 14 municípios cearenses em débito com os salários dos médicos : Acarape, Aracati, Catunda, Fortaleza, Horizonte, Limoeiro do Norte, Maranguape, Morada Nova, Mulungu, Icó, Ipueiras, Pacajus, Paramoti e Pires Ferreira.
A entrevista, na íntegra, pode ser acompanhada a seguir.
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