
A violência contra médicos no Ceará tem aumentado de forma preocupante, afetando diretamente profissionais que atuam na linha de frente do atendimento à população. Somente em 2024, foram registrados 192 boletins de ocorrência por agressões a médicos no estado, segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Os ataques ocorrem principalmente em hospitais, unidades de pronto atendimento e postos de saúde, incluindo violência física e verbal. Pacientes, acompanhantes e até pessoas sem vínculo com as unidades estão entre os autores das agressões. Médicas têm registrado índices de violência iguais ou superiores aos dos homens, mostrando que toda a categoria é atingida.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, Dr. Edmar Fernandes, afirma que os médicos são vítimas de falhas estruturais do sistema de saúde. “Os médicos estão na linha de frente do cuidado à população, mas muitas vezes são vítimas de violência por problemas estruturais que não lhes pertencem. É fundamental garantir condições dignas de trabalho, segurança nas unidades e respeito ao profissional que dedica a vida à saúde de todos”, diz.
Especialistas apontam que a sobrecarga de trabalho, a falta de insumos e a precariedade das estruturas físicas do sistema público de saúde contribuem para que médicos se tornem alvo das frustrações da população.
Desde 2013, o CFM contabiliza cerca de 40 mil boletins de ocorrência de abusos contra médicos no ambiente de trabalho. Embora os homens ainda sejam as principais vítimas, o número de médicas agredidas vem crescendo, alcançando 1.757 casos. No Ceará, o problema ganhou destaque recentemente após médicos serem ameaçados com armas em uma unidade de saúde de Sobral.
Para enfrentar a situação, o CFM instituiu a Resolução n.º 2.444/25, que estabelece protocolos de segurança, controle de acesso e suporte jurídico e psicológico aos profissionais agredidos. O Sindicato dos Médicos do Ceará também oferece assistência e orientação aos membros da categoria em casos de violência.