
Ir do Centro de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, até o Centro de Eventos do Ceará (CEC), passando por regiões como o Centro da Capital, Aldeota e Papicu, poderá se tornar realidade para os habitantes das duas maiores cidades cearenses. Um levantamento prevê a integração das Linhas Oeste e Leste do Metrô de Fortaleza, formando uma só linha, que poderá ser chamada de ramal Oeste-Leste.
Caso o projeto seja efetivado, será implantado um trecho metroferroviário com cerca de 32 quilômetros de extensão, o que o tornaria o maior ramal de metrô das regiões Norte e Nordeste do país. A título de comparação, a Linha Sul tem 24,1 km entre o Centro de Fortaleza e a estação Vila das Flores, em Pacatuba.
As informações estão presentes no Relatório de Redes Estruturais Planejadas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O documento integra o Estudo Nacional de Mobilidade Urbana: Desenvolvimento do Transporte Público de Média e Alta Capacidades nas principais Regiões Metropolitanas do país (ENMU).
A pesquisa foi elaborada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com o Ministério das Cidades. Na apresentação da primeira versão do relatório, em maio de 2024, foram apontadas diversas propostas de melhorias para a mobilidade urbana na malha gerida pela Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor).

Uma das principais propostas envolve justamente as Linhas Leste e Oeste. Enquanto a Leste ainda está em obras, com previsão de entrega para 2028, a Oeste classificada no relatório como um “trem de subúrbio” opera como um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) entre o Centro de Fortaleza e o Centro de Caucaia, estando atualmente em pleno funcionamento dentro do sistema da RMF.
Além dessas, outras duas linhas ativas na Região Metropolitana de Fortaleza também foram contempladas na análise: a Linha Nordeste (VLT Parangaba-Mucuripe) e a Linha Sul. Para ambas, foram indicadas intervenções na infraestrutura. No entanto, assim como as Linhas Oeste e Leste, ainda não há prazos definidos nem garantias de que as propostas sairão do papel.
É importante ressaltar que o estudo não levou em conta os ramais Expedicionários-Aeroporto e Aeroporto-Castelão, ambos em construção. O primeiro tem previsão de entrega entre o fim de 2025 e o início de 2026, enquanto o segundo deve ser finalizado no segundo semestre de 2027.
Na atual configuração, a Linha Oeste é operada em superfície. São 10 estações distribuídas ao longo de aproximadamente 20 km, ligando o Centro de Fortaleza ao Centro de Caucaia e atravessando, principalmente, áreas periféricas dos dois municípios.
Esse ramal opera no formato VLT, substituindo o antigo trem de passageiros que unia as cidades. Segundo o relatório do BNDES, a intenção é transformar a linha em metrô, embora ainda não esteja claro se o trajeto continuará em superfície, como ocorre na maior parte da Linha Sul, ou se será subterrâneo, como no caso da Linha Leste.
“A linha opera com veículos leves a diesel, com 2 unidades e capacidade para transportar até 766 passageiros por viagem”, considera o estudo, acrescentando que, apesar de o ramal ter uma passagem mais barata do que os demais, tem baixa demanda de passageiros.
Em resposta aos questionamentos, a Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra) informou que, por ora, não existe previsão para converter a Linha Oeste de VLT para metrô, conforme sugerido no relatório.
Apesar disso, a pasta destaca que “a eletrificação da linha é avaliada para o futuro, em especial para quando a Linha Leste do Metrô de Fortaleza entrar em operação”.
Na prática, isso significa que a possível conversão da Linha Oeste, de VLT a diesel para metrô eletrificado, só deverá ocorrer a partir de 2029. Isso porque a conclusão da Linha Leste está prevista para dezembro de 2028, após aditivo contratual firmado em março deste ano entre a Seinfra e o Consórcio FTS, responsável pela execução da obra. Em valores atualizados, o custo da construção da primeira fase desse ramal foi estimado em R$ 2,68 bilhões.