As descrições psicológicas e experiências que fizeram de Virgínia Woolf uma escritora única, foram muito bem interpretadas pela atriz carioca Cláudia Abreu em seu monólogo “Vírgínia”, encenado com sessões extras nos últimos dias 27 e 28 de maio do ano corrente, no histórico Cineteatro São Luiz, na Capital cearense.
Quem conferiu o espetáculo viu a maestria da atriz ao segurar durante uma hora, a atenção e emoção do público que teve o cuidado e, por que não dizer, a delicadeza, em assistir com seriedade, cena por cena da peça que mostrou a intensidade dos sentimentos de Woolf.
Os últimos momentos de vida de Virgínia foram delineados com profundidade por Cláudia Abreu que levou a plateia a mergulhar na história da mulher que tinha por trás de uma das mais importantes escritoras do século XX, tudo isso com a sutileza do rico texto que marcou a estreia da atriz brasileira como autora teatral.
Que o diga o público cearense que conheceu por meio de Cláudia Abreu, a forma como os temas iam se intercalando durante o ovacionado espetáculo. A relação de Woolf com outras pessoas a exemplo dos pais, irmãos, o marido Leonard e a amante Vita são enfocados no decorrer da peça que não apela para o melodrama e, sim, para mostrar a vida e obra de Virgínia Woolf, recordando desde à infância da escritora inglesa, inesquecíveis histórias.
Também são pinceladas durante o espetáculo dirigido por Amir Haddad, passagens originais de livros da autora que são trabalhadas por Cláudia Abreu com muita técnica teatral como o fluxo de consciência no momento da morte de Virgínia Woolf e, ainda, as trocas de personagens que coadunem com a indispensável iluminação.
A codireção de Mallu Valle e as trilhas somam com o forte e, ao mesmo tempo, primoroso texto de Cláudia Abreu, que enfatiza precoces perdas pessoais de Woolf, como também, inseguranças profissionais e, ainda, uma grande lucidez que fizeram lamentavelmente, por várias vezes, a mente de Virgínia curvar-se.
“Cláudia Abreu foi certeira e pontuou de forma delicada e critica, os principais eventos e figuras na vida da escritora (pai, mãe, irmãos mais velhos, irmãs, marido) que corroboraram com a perda da saúde mental da escritora inglesa. Claudia nos faz refletir sobre o que é “normal” e, principalmente, quando se trata da socialização e da existência das mulheres no mundo” pontuou para o Portal ANC, a professora, geógrafa e leitora de Virgínia Woolf, Ana Paula Vasconcelos.
“Eu tenho certeza, que, de alguma forma, muitas mulheres que assistiram à peça se identificaram com as angústias de Virgínia Woolf, que foi abusada, oprimida, negada e violentada cujas angústias, medos, opressões e adoecimentos ainda são sentidos e vividos pelas mulheres, independente da classe social”, acrescentou Ana Paula afirmando: “Cláudia Abreu é uma maravilhosa”!
Obs: a foto de capa da matéria é, também, de autoria de Guilherme Silva.
