Na divulgação do 2º ciclo de boletins sobre a saúde da juventude brasileira, a Fundação Oswaldo Cruz aponta que, entre 2022 e 2024, o Brasil registrou 262.606 internações de jovens por transtornos mentais e comportamentais. O número corresponde a uma taxa nacional de 579,5 internações para cada 100 mil habitantes. O Ceará aparece entre os estados com índices superiores à média nacional, com um total de 592,5 em meio a esse público.
Os dados mostram que os jovens de 25 a 29 anos concentram as maiores taxas de internação, chegando a 719,7 por 100 mil habitantes em nível nacional. No Estado, essa faixa etária também se destaca como a mais vulnerável, totalizando 747,5.
Ceará
No território cearense, a taxa de internação por transtornos mentais entre menores de 15 anos atingiu 62,4 a cada 100 mil habitantes. Na faixa etária de 15 a 19, o número chegou a 428,2, aumentando para 585,3 quando considerados aqueles com idades entre 20 e 24 anos. A taxa apresenta uma leve queda quando se trata daqueles com 30 anos ou mais.

Considerando o recorte por gênero em diferentes faixas etárias, os índices são maiores entre mulheres de 25 a 29 anos, que somam 486,3 a cada 100 mil habitantes, e entre os homens do mesmo intervalo de idade, que totalizaram 1530,1.
Em se tratando da proporção de atendimentos por saúde mental na Atenção Primária à Saúde (APS), no Ceará são 665.531 em meio às mais de cinco milhões de consultas gerais. O número representa 12,38%.
Perfil
O perfil das internações revela diferenças entre homens e mulheres. Nacionalmente, os homens jovens representam 61% das internações, com uma taxa de 708,4 por 100 mil habitantes, bem acima das mulheres, que somaram 450. Entre eles, o abuso de substâncias psicoativas é a principal causa, chegando a 41% no meio masculino na faixa dos 25 a 29 anos. Já entre as mulheres, predominam os transtornos de humor, especialmente a depressão, responsável por 61% das internações femininas.

No recorte racial, jovens brancos apresentam a maior taxa de internação: 615 por 100 mil. Por sua vez, os pardos concentram 43% dos casos, contra 41,9% dos brancos, por problemas de saúde mental.
Outro ponto crítico é o risco de suicídio. No Brasil, a taxa entre jovens é de 31,2 por 100 mil habitantes, maior que na população geral (24,7). Entre homens jovens, o índice chega a 48,3 e na faixa dos 25 a 29 anos alcança 60,4 por 100 mil habitantes.
Acesso à Saúde
Apesar das altas taxas de internação e mortalidade, os jovens acessam menos a APS do que a população geral: 11,3% contra 24,3%. Entre os jovens atendidos, os homens têm maior proporção de consultas voltadas para saúde mental: 26,1% dos atendimentos masculinos têm essa demanda principal. Já entre as mulheres, o percentual é de 8,6%.
Na prática, isso significa que, a cada 100 atendimentos de homens jovens, cerca de 26 são por saúde mental. Já entre as mulheres, apenas nove. Apesar disso, em números absolutos, mais mulheres jovens procuram a APS para cuidados em saúde mental, o que explica a média nacional de 11,3% de atendimentos voltados para esse tema entre toda a juventude. Embora os homens tenham maior proporção de atendimentos por saúde mental, as mulheres têm maior quantidade total de atendimentos nessa área porque vão mais às unidades de atendimento.
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