Os gastos com apostas virtuais têm impactado diretamente o acesso de jovens brasileiros ao ensino superior. É o que mostra uma pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), que identificou que 34% dos jovens que planejavam começar uma graduação em 2025 decidiram adiar os estudos devido às despesas com apostas online.
Segundo o levantamento, o comprometimento financeiro envolve diferentes modalidades de jogos, como apostas esportivas, cassinos virtuais e plataformas similares. Com isso, a capacidade de custear mensalidades e demais despesas acadêmicas se torna inviável.
A região mais afetada é o Nordeste, onde 44% dos jovens afirmaram ter adiado a entrada na faculdade por conta dos gastos com as bets. Em segundo lugar aparece o Sudeste, com uma proporção de 41%. Os dois percentuais estão acima da média nacional, de 34%.

Ainda segundo a pesquisa, 14% dos estudantes brasileiros matriculados relataram atrasos no pagamento das mensalidades por conta dos jogos online. O percentual sobe para 17% entre os nordestinos. A estimativa é que cerca de 986 mil alunos possam abandonar os estudos caso a situação se mantenha.
Saúde e Vida Social
Outro reflexo apontado pelo levantamento é a redução de atividades físicas. Um em cada quatro jovens (24%) declarou ter deixado de pagar academia ou praticar esportes para gastar com apostas.

Em se tratando de educação, 21% dos entrevistados afirmaram ter deixado de investir em algum curso, outros idiomas e aprendizados. A relação dos apostadores com as bets também afeta a vida social. Entre os jovens consultados, 28% confirmam que já deixaram de frequentar restaurantes, bares ou saídas com os amigos.
Perfil
Conforme o levantamento, 85% dos apostadores são homens, em sua maioria (40%) com idades entre 26 e 30 anos. Do total, 72% têm filhos, 38% pertencem à Classe B e 85% trabalham. A pesquisa identificou ainda que 79% daqueles que apostam têm o salário do trabalho como principal fonte de renda.
No Brasil, 72% dos entrevistados afirmaram já ter realizado, ao menos uma vez, apostas em sites. Quando questionados se as apostas fazem parte da rotina, 52% confirmaram que sim. A frequência média de apostas é de 1 a 3 vezes na semana.
Valores
A região com a maior média ponderada de apostas é a Sudeste, com R$ 775 reais. Em contrapartida, a que apresenta o menor valor é a Centro-Oeste, com R$ 564. A nível nacional, a quantia média de apostas fica entre R$ 400 e R$ 1.500.

Os membros da Classe A são os que mais apostam, investindo uma média de R$ 1.210. Em seguida, surgem a Classe B1 (R$ 904), B2 (R$ 725), C1 (R$ 480), C2 (R$ 434) e, por último, a DE (R$ 421).
Entre os entrevistados, aproximadamente 80% destinam cerca de 5% da renda para apostas online. O estudo mostra também que as regiões mais populosas têm o melhor índice de recuperação dos investimentos em relação às demais regiões. Outro ponto percebido é que, conforme a classe social diminui, a tendência do apostador não recuperar seu dinheiro aumenta.
Metodologia
A pesquisa ouviu 11.762 pessoas entre 18 e 35 anos em todo o território nacional. Do total, 2.317 responderam integralmente ao questionário. O levantamento foi realizado entre os dias 20 e 24 de março de 2025.
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