Uma nova rota de transporte marítimo entre a Ásia e o Porto do Pecém, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza, promete transformar a logística de importações no Brasil. O trajeto mais curto e direto deve beneficiar principalmente plataformas de comércio eletrônico, como Shein, Shopee e AliExpress, com redução no tempo de entrega e nos custos operacionais.
O percurso, denominado Serviço Santana, é operado pela MSC e pela APM Terminals e estabelece uma ligação inédita entre o Ceará e portos asiáticos. A nova rota torna o Porto do Pecém o primeiro ponto de parada dos navios no Brasil, o que garante maior agilidade nas operações de desembarque.
O trajeto internacional inclui passagens por portos da Índia, Singapura, diversas cidades chinesas — como Qingdao, Xangai, Ningbo e Yantian — e ainda Busan, na Coreia do Sul. Após cruzar o Oceano Pacífico, os navios fazem escalas no Panamá e na República Dominicana antes de chegar ao Ceará.
Estima-se que essa mudança possa reduzir pela metade o tempo de transporte de mercadorias entre os países asiáticos e o Brasil, com o novo prazo girando em torno de 30 a 39 dias, dependendo do porto de origem. Anteriormente, esse trajeto poderia levar até 60 dias. Além da agilidade, há também projeções de queda nos custos logísticos, favorecendo especialmente mercadorias sensíveis ao tempo de entrega.

A nova rota modifica especialmente o fluxo das importações. Atualmente, cargas vindas da Ásia geralmente desembarcam no Porto de Santos, em São Paulo, e seguem por navegação de cabotagem até o Nordeste. Com o novo percurso, o transporte passará diretamente pelo Canal do Panamá e chegará ao Pecém, evitando o tradicional desvio pelo Cabo da Boa Esperança, no sul da África.
No sentido contrário, para as exportações, o trajeto permanece inalterado: as embarcações partem do Pecém e seguem para os portos de Suape (PE), Salvador (BA) e Santos (SP), antes de partirem para a Ásia.
A expectativa é que o Porto do Pecém registre um aumento de até 10% na movimentação de cargas, com cerca de 1.200 contêineres desembarcando semanalmente. Além de produtos de e-commerce, a rota também facilitará o comércio de itens como granito, castanha de caju, cera de carnaúba, frutas, calçados e têxteis, ampliando as oportunidades tanto para importadores quanto para exportadores da região.
Embora o impacto nos preços para o consumidor final deva ser limitado, os ganhos logísticos são significativos. A redução no tempo de transporte permite ajustes nos processos operacionais das empresas, diminuindo a necessidade de estoques elevados e otimizando o fluxo de mercadorias.
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