Luiz Antônio Ximenes Soares é o nome de batismo do cearense da cidade de Reriutaba, distante 277 Km de Fortaleza (CE). Luiz Ximenes como é mais conhecido, comanda três empresas na cidade do Eusébio: AMR da Costa Ltda; Dvera Indústria, Comércio e Serviços de Embalagens Ltda e, também, a DGS Indústria, Comércio e Serviços de Resíduos Recicláveis Ltda.
Na manhã da última sexta-feira (01), ele recebeu o Portal ANC para uma entrevista especial, na sede de uma de suas empresas. Na ocasião, o reconhecido empresário destacou a sua trajetória, a partir de 1984, ano em que ingressou no mundo empreendedor da reciclagem, o processo de transformar um material que seria descartado como lixo em outro produto.
“Esse negócio de reciclagem é muito complexo, muito trabalho, muita mão-de-obra. E você tem que tá muito atento na lucratividade do négócio”, disse Ximenes chamando atenção: “Se você analisar direitinho, hoje nós pagamos imposto que supermercado grande paga. E um negócio que é reciclado, não era pra gente está pagando nada disso de imposto” pontuou.
O empreendedor de 64 anos de idade, começou trabalhando com embalagem descartável. Ele comprava dos supermercados Pão de Açucar e da Fábrica Fortaleza, embalagens para reaproveitar. “E nesse período, nesse tempo, a gente entrou para o lado da produção de sacolas recicláveis”, lembrou Ximenes reforçando: “Eu sou um homem trabalhador. Eu gosto de trabalhar!” enfatizou o empresário que emprega 85 funcionários nas três indústrias que pilota no Ceará.
Por falar em empregabilidade, Luiz Ximenes, destacou uma das dificuldades que enfrenta hoje como empresário: “Manter funcionários cooperadores dentro do seu negócio pra você tocar uma indústria, porque uma indústria tem que trabalhar 24 horas direto pra valer,” ressaltou o visionário empreendedor assegurando: “Você não tem hoje gente qualificada para o negócio.”
Mas o esposo da também empresária Vera Lúcia (Casas Ximenes), instalada no Centro de Fortaleza, sabe muito bem como solucionar e, até mesmo, driblar os problemas que surgem no dia-a-dia: “Eu sou daqueles caras que não me apavoro com nada. Não vou pra casa estressado, não perco meu sono,” revela o pai de três novos empresários: Danielly, Sharah e David Gomes.
Um homem altamente temente a Deus, porém desobediente, como bem atestou em sua entrevista, Luiz Ximenes deu também, a sua opinião sobre o Estado em que vive e trabalha. “O Ceará é um lugar de povo trabalhador. O que tem crescido de empresa de transformação, cresceu quase do tamanho do Brasil todo”, comparou o empresário que acorda às 04h30 todos os dias.
E no que diz respeito ao seu país, Ximenes descreveu: “Não tem coisa melhor que o Brasil não. O Brasil é um país de oportunidade. Então, eu vejo o seguinte: quem quer trabalhar tem muitas ideias”, frisou o empresário incentivando ainda, quem quer iniciar hoje na seara do empreendedorismo: “Você tem que ter amor pra trabalhar. Quem gostar de trabalhar, coloque qualquer coisa que dá certo, tudo dá certo!”, garantiu o empresário que faz a administração total de suas empresas, além de comprar, vender, empregar e visitar fornecedores. “Tudo é comigo”, disse Luiz Ximenes que ainda tem tempo para jogar o seu futebol, Society e de Campo, às terças, quintas e sábados.
Tendo em vista que a reciclagem é necessária para a garantia de um desenvolvimento sustentável, como é, também, de grande importância para a economia nacional, Ximenes avaliou de que forma o Brasil vai melhorar: “Quando as cabeças melhorarem também. De quê maneira? Logística. Falta logística pra tudo nesse país!”
* De onde o empreendedor coleta o reciclado?
“Nós coletamos das fábricas: Coca-Cola, Ambev, Tortuga, Porto do Pecém, Granja Regina, Granja Santa Lúcia, Cialne… Tudo isso nós coletamos todo o reciclado: papelão, plástico, madeira, ferro, e colocamos em dois terrenos que nós temos: um aqui no Eusébio e outro lá perto do Castelão: um terreno de 9 mil e 800 metros e outro de 14 mil metros. Então nós colocamos todo esse produto que a gente coleta com o caçambão. E lá a gente faz o Centro de Triagem, separando tudo, o papelão do plástico, da madeira, do ferro e tudo que nós vamos aproveitar”, informou Luiz Ximenes em sua entrevista.
Sempre alinhado com a ideia da sustentabilidade, o empresário também acrescentou: “O papelão nós prensamos e mandamos para a Fábrica de Papelão. O plástico a gente moe aqui todinho ele, todo tipo de plástico, separa por tipo de plástico e reprocessa fazendo o grão, fazendo a matéria prima para botar nas injetoras. E o ferro a gente manda para a Gerdal, para Durametal, e a madeira a gente manda para os Tavares, para a Olaria, para queimar, uma parte para reaproveitar e voltar para o mercado de novo como Palet, e o alumínio a gente vende para uma empresa de São Paulo, da Bahia… esse é o processo,” finalizou Luiz Ximenes com um passeio com a equipe do Portal ANC pelas dependências de sua Indústria Dvera, localizada no município cearense do Eusébio.
* O empresário e sua parceria com os catadores de lixo
“Em Fortaleza tem vários pontos de coletas. “O que é isso, vários pontos de coletas?” disse Ximenes explicando: “Coleta é o próprio Seu João, Seu Manoel, Seu Pedro, que tem um terreno ali e começa a comprar o seu reciclado. Compra de um a tudo, compra o ferro, o alumínio, cobre, papelão… E, eles separam e prensam tudo e vendem para empresas de transformação, que nesse caso somos nós e outras empresas,” lembrou o empresário.
* Sobre os catadores de Lixo
Ao falar sobre a situação dos Catadores de Lixo nos últimos tempos, o empresário do ramo de reciclagem comentou que houve sim, uma melhora pra eles! Porque é que houve? “Não é porque tem ninguém por trás tentando melhorar a vida deles lá não! É porque eles são trabalhadores,” afirmou Luiz Ximenes complementando: “Eles sabem que se tiverem viabilidade de correrem atrás dos caminhões compactadores e pegarem o melhor plástico, tem plástico que vale R$ 2,50 o quilo. Então o cara cata e ele sabe que ele tem num dia, R$ 200,00… R$ 300,00 de lixo que ele pegou ali de graça”, frisou o empreendedor.
> Os créditos das imagens da matéria são de Edna Ramos.