
Sobral vai entrar, em 2026, com um orçamento de R$ 1,56 bilhão, verba aprovada pela Câmara Municipal. Esse tema, no entanto, retoma um debate sobre um desafio recorrente da gestão: manter o funcionamento público sem deixar de lado as obras urgentes da cidade da Região Norte. Neste ponto entra o orçamento de Sobral, já que a Prefeitura deve apostar novamente em operações de crédito.
O texto aprovado na Casa Legislativa prevê R$ 75 milhões em novos empréstimos, mostrando que o município deve recorrer ao financiamento externo para garantir parte das ações previstas para o próximo ano. A necessidade de crédito ganha força, porque a maior parte do orçamento já está comprometida.
Do total, mais de R$ 1,3 bilhão vai para despesas correntes, como a folha de pagamento, contratos, manutenção de estruturas e insumos do cotidiano. Na prática, são gastos que mantêm a máquina funcionando, mas que não abrem espaço para expansão de serviços ou realização de obras maiores.
Destinação do Orçamento de Sobral
No caso de áreas obrigatórias por lei, o projeto de LOA destina aproximadamente R$ 548 milhões para a Educação (aproximadamente 45% do orçamento). Serão investidos R$ 482 milhões para a Saúde (cerca de 40% do orçamento). Esses valores garantem o cumprimento da legislação, mas consomem parte importante dos recursos, reforçando o cenário de orçamento apertado para investimentos em infraestrutura e novos equipamentos públicos.
Com isso, o valor reservado para investimento fica apertado. A LOA destina apenas R$ 208 milhões, cerca de 13% do orçamento. O valor é visto como insuficiente diante das demandas acumuladas da cidade, especialmente nos bairros e distritos que cobram pavimentação, drenagem, iluminação, mobilidade e novos equipamentos públicos.
Nesse cenário, os R$ 75 milhões previstos em empréstimos acabam sendo o “reforço” necessário para liberar obras que não caberiam no regular orçamento de Sobral. A tendência é que esses recursos sejam direcionados para intervenções mais cobradas pela população, especialmente em regiões que esperam melhorias há anos.
Ainda assim, o orçamento aprovado aponta para um 2026 mais conservador. O foco será garantir o funcionamento das Secretarias, manter serviços essenciais e tentar avançar onde for possível com o apoio dos financiamentos. A cidade cresce, as demandas aumentam e os bairros cobram presença, mas a capacidade de investimento permanece limitada.
Burocracia
Outro ponto é que, mesmo com os créditos planejados, a execução depende de fatores como licitações, liberação de recursos, cronogramas e desempenho da arrecadação municipal ao longo do ano. Ou seja, o valor aprovado não significa, automaticamente, entrega garantida.
O que se desenha para 2026 é um ano de escolhas mais duras, com prioridade para o básico e atenção às contas. A expectativa recai sobre como a Prefeitura vai administrar esse cenário, equilibrando dívidas, demandas e a necessidade de seguir avançando, mesmo com um orçamento enxuto para investimentos.
Além disso, existe um outro detalhe que pesa no debate: a LOA autoriza o prefeito a remanejar até 60% do orçamento durante o ano, abrindo créditos suplementares sem precisar voltar à Câmara. Na prática, isso permite ajustar o dinheiro entre secretarias conforme a necessidade, mas também dá ao Executivo uma liberdade grande para mudar as prioridades previstas no início do ano. É um percentual considerado alto e que deve entrar no radar de quem acompanha a execução do orçamento em 2026.


