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Os Rejeitados e o exercício da empatia (Crítica)

Dirigido por Alexander Payne (Nebraska), Os Rejeitados mostra como é possível nos conectar com pessoas que odiamos. Além do mais, o projeto expõe que o hábito da empatia nos pode ajudar a evoluir e também entendermos melhor a dor de alguém.

Protagonizado por Paul Giamatti (A Luta Pela Esperança), acompanhamos um professor de história de um internato, onde tem que passar as férias de final de ano cuidando de alunos que passarão esse período dentro da escola. O mesmo é o professor mais odiado da instituição, e ainda faz questão de mostrar que também não gosta de seus estudantes.

No meio disso, também acompanhamos o personagem de Dominic Sessa, que faz sua estreia no audiovisual, um estudante que iria viajar com sua mãe e seu padrasto nas festas de final de ano. Porém, é deixado na escola pelos mesmos e agora terá que ficar sozinho com o professor, visto que os outros alunos que ficariam no internato conseguiram permissão para irem à casa de um amigo.

A partir disso, acompanhamos ambos os personagens tentando conviver. Enquanto o professor faz questão de que o aluno não faça nada além de estudar, o outro se mostra sempre raivoso e desgostoso com tudo que está acontecendo. Entre os dois, há a personagem vivida por Da’Vine Joy Randolph (Cidade Perdida), cozinheira do internato que teve seu filho recentemente morto em uma guerra, e agora terá que passar o final do ano ao lado de duas pessoas que se odeiam. 

Em meio a um caos, o projeto possui uma bela fotografia, onde Eigil Bryld (Na Mira do Chefe) alinha tudo em tela de maneira delicada, sendo quase um contraste perfeito em meio a tanta raiva. Mas que no seu encerramento, se encaixa perfeitamente tal qual os dois protagonistas, duas pessoas distintas e que se odeiam, só que, na realidade, apenas precisavam se enxergar um no outro para se entenderem. 

Até chegar a esse ponto, ambos os personagens precisaram olhar o lado podre de cada. Enquanto um não conseguia compreender os desejos mundanos, como o natal, o outro não tinha a capacidade de respeitar figuras mais velhas ou ter compaixão com os sentimentos alheios. Mas no meio de tudo isso, percebemos que os problemas dos dois são iguais, e que eles apenas precisam perceber isso para se darem bem.

O processo para isso foi demorado, os dois tiveram muitas intrigas, algumas com uma carga dramática bem forte, e outras bem cômicas, onde conseguiam arrancar boas risadas. A personagem de Randolph ajudava a isso acontecer de maneira rápida, enquanto tinha uma carga muito forte sobre si mesma, entregando monólogos tocantes e talvez sendo a melhor atuação do projeto. Além de mostrar que muitas vezes reclamamos por muito pouco, enquanto há uma pessoa do nosso lado sofrendo por muito mais e precisando de ajuda.

Além disso, as intrigas dos dois protagonistas servem para mostrar que nunca iremos entender alguém por inteiro se não convivermos com ele. Sendo que, por meio disso, podemos ajudar o mesmo mais do que ele imagina, e até nós mesmos. Tentar compreender e ajudar com a dor de alguém é algo quase reflexivo, onde precisamos pensar em ajudar o outro, mas também pensar: “e se fosse comigo?”

No fim, Os Rejeitados fala justamente sobre isso, que até mesmo a pessoa que você mais odeia está passando ou passou algo que você nem imagina. Além disso, você pode ajudá-lo mais do que você pensa, e o contrário também. E se não fosse o suficiente, o projeto, por meio de uma direção simples, mas delicada, e atuações amigáveis, nos deixa uma mensagem que sempre podemos melhorar.  

Nota: 9/10

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