
O deputado estadual Renato Roseno e os vereadores Gabriel Aguiar e Adriana Gerônimo (todos do Psol), publicaram nesta sexta-feira (28), carta aberta ao prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT) em protesto à maneira como foi aprovado o novo Plano Diretor de Fortaleza. No documento, os parlamentares do Psol lamentam a retirada de vários pontos que estavam no projeto original e que havia sido discutido com os movimentos populares e especialistas em meio ambiente. Segundo eles, o documento fragiliza a área ambiental do município e define a retirada de 26 zonas de preservação ambiental.
Os parlamentares do Psol lembram que, nas últimas eleições, Evandro Leitão foi eleito com o apoio deles, sem qualquer exigência à época para apoio à candidatura do petista. “Quando em outubro de 2024, há pouco mais de um ano, dedicamos nosso apoio ao senhor naquele disputado segundo turno, o fizemos com absoluta convicção que era o melhor para a cidade. Não fizemos nenhum pedido de qualquer ordem, exigência ou condição. Pedimos abertura aos movimentos sociais e sugerimos agendas ambientais. Temos certeza que contribuímos para sua vitória. Nós e os movimentos populares que também se sentiram agora derrotados na votação do Plano Diretor”, expressam os parlamentares no documento.
Confira, na íntegra, carta dos parlamentares do Psol
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Na carta, eles lamentam a retirada, por meio de uma emenda aprovada por vereadores da base de Evandro Leitão, de 51 zonas de interesse social, alterando pontos de zoneamento ambiental. O chamado “emendão”, como passou a ser chamado por parlamentares contrários à proposta, traz as seguintes alterações:
- exclui oito poligonais de Zona de Proteção Ambiental 1 (ZPA 1): preservação permanente dos recursos hídricos;
- exclui poligonais de ZPA 2: faixa de praia;
- exclui sete de ZPA 4: preservação nas dunas da Praia do Futuro ou na Cidade 2000.
Na avaliação dos parlamentares, o “emendão” contribui para que Fortaleza se torne uma cidade ainda mais desigual. “O processo do Plano Diretor é essencialmente um processo de disputa de classes. São concepções de cidade que se opõem: ou uma cidade para dar lucro a quem já tem muito dinheiro ou uma cidade mais justa, mais verde e mais inclusiva. Pior de tudo, prefeito, foi o método. Dezenas de reuniões, recursos gastos em consultorias para participação na construção desse Plano Diretor, assembleias, tudo isso foi jogado no lixo” por seus 33 vereadores”, criticou.
Ainda na avaliação de Renato Roseno e dos vereadores do Psol, com essa postura o prefeito se opõe aos movimentos sociais, sobretudo aos grupos que contribuíram para a vitória do gestor em 2024. No documento, eles fazem um apelo para que o prefeito vete o projeto aprovado pela Câmara Municipal.
“Fomos convidados para um processo participativo que foi covardemente desrespeitado pelo seu grupo de sustentação na Câmara Municipal. Há uma última oportunidade: voltar atrás e vetar esse absurdo do “emendão”. Seria o mais correto e coerente com o futuro da cidade”, destacou.

