Nesta segunda-feira (26/08), a Perícia Forense do Ceará (Pefoce), divulgou as falhas no sistema do airbag de veículos que causaram a morte de duas pessoas em Fortaleza entre setembro de 2022 e dezembro de 2023, conforme um estudo inédito no Brasil. Os ferimentos chegaram a ser confundidos com tiros de arma de fogo.
De acordo com a Pefoce, os óbitos causados na capital cearense mostram um resultado da fragmentação e arremesso por parte da peça do insuflador do sistema do airbag, que tinham solicitação em aberto de recall relacionados ao componente. Assim, os veículos deveriam ser levados até a empresa responsável pela manutenção do veículo para fazer a correção da peça.
O primeiro caso estudado foi em setembro de 2022, no Bairro Mondubim e vitimou um homem de 38 anos, que estava em um carro modelo Corolla. Na situação, o corpo do motorista foi encontrado com uma perfuração no pescoço. Acreditava-se que a causa da morte seria de uma lesão provocada por arma de fogo. Porém, o ferimento chamou a atenção do perito criminal Fernando Viana, do Núcleo de Perícias em Engenharia Legal e Meio Ambiente, que identificou o fragmento do airbag.
“Durante os estudos e processamento dos vestígios, constatamos que a causa da morte foi em decorrência de um fragmento oriundo do sistema de airbag. Na colisão frontal, essa peça foi ao encontro da vítima, sendo a causa exclusiva da morte. Começamos a pesquisar e tomamos conhecimento de casos pontuais no mundo e decidimos aprofundar nosso conhecimento técnico-científico sobre o assunto”, detalhou o perito criminal.
No laudo da Pefoce referente ao caso consta que a peça retirada do corpo da vítima tinha dimensões aproximadas de 23mm de diâmetro e 22mm de comprimento.
Outro acidente envolvido
O caso aconteceu em 11 de dezembro de 2023, no Bairro Dionísio Torres e teve como vítima uma mulher de 30 anos.
A motorista foi socorrida para um hospital de Fortaleza, mas sua morte foi confirmada dois dias após o acidente, em razão da gravidade dos ferimentos.
O laudo da Pefoce apontou o fragmento, com dimensões aproximadas de 24 mm de diâmetro e 20 mm de comprimento, atingiu o crânio da vítima.
Recall
Entre os anos de 2001 e 2018, os airbags defeituosos da marca japonesa Takata, foram utilizados em carros fabricados por 17 montadoras. Mais de 5 milhões de carros no Brasil e outros no restante do mundo foram chamados para a troca da peça.
Para o perito da Pefoce, Fernando Viana, é possível que existam outros acidentes que aparentemente teriam menor potencial de risco, mas resultaram em óbitos por conta do mesmo problema. No entando, não foram catalogados por falta de conhecimento específico.
“Percebemos que é um serviço de utilidade pública realizado pela nossa Perícia Forense, pois os veículos tinham recall a ser realizado e não foi feito. Nosso papel é alertar a população para, existindo a solicitação de recall, a população deve atender, até para evitar um acidente fatal”, disse o perito criminal.
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