A partir do dia 6 de agosto, os Estados Unidos aplicarão uma nova taxação de 50% sobre parte dos produtos brasileiros, conforme anunciado pelo presidente Donald Trump nesta semana. Entre os itens impactados, está o setor de pescados do Ceará, o segundo principal produto exportado pelo estado para os EUA. Já os produtos siderúrgicos, que lideram as exportações cearenses, foram isentados da nova tarifa.
Em 2024, o Ceará exportou US$ 54 milhões em pescados, sendo que 96% desse valor teve como destino o mercado norte-americano. O estado, atualmente, ocupa a liderança nacional na exportação de pescados. Os calçados, outro item relevante na pauta exportadora cearense, também serão atingidos pelas tarifas.
Apesar de a China ser o maior parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos representam o principal destino das exportações do Ceará. No ano passado, 44,9% das vendas externas do estado foram direcionadas aos americanos. No primeiro semestre de 2025, esse índice subiu para 51%.
Em relação às isenções, o governo americano incluiu o “Brazil nuts”, geralmente associado à castanha-do-pará, mas ainda não há confirmação se a castanha de caju está incluída na dispensa. Já o aço, item central na balança comercial cearense, permanece livre das novas tarifas, aliviando parte do setor produtivo local.
Entre janeiro e junho de 2025, o Ceará registrou exportações superiores a US$ 1,1 bilhão. Deste montante, aproximadamente US$ 528 milhões corresponderam a produtos siderúrgicos, representando cerca de 49% do total. Ou seja, quase metade das exportações cearenses no primeiro semestre foi oriunda desse setor, sendo 76% com destino aos Estados Unidos.
Dados
Apesar de o Ceará ser o 12º maior exportador brasileiro para os EUA em volume, é o que apresenta maior proporção de dependência comercial. Em 2024, 44,9% de suas exportações foram para os americanos, enquanto o segundo colocado, o Espírito Santo, teve 28,6%.
Confira os principais produtos exportados pelo Ceará para os EUA em 2024:
- Ferro fundido, ferro e aço: US$ 441,3 milhões
- Pescados e invertebrados aquáticos: US$ 52,8 milhões
- Preparações vegetais, frutas e hortícolas: US$ 37,2 milhões
- Calçados e componentes: US$ 36,9 milhões
- Óleos e gorduras animais/vegetais: US$ 16,7 milhões
Embora São Paulo lidere o ranking nacional de exportações para os EUA, com US$ 13,6 bilhões em 2024 (19% de sua pauta exportadora), o Ceará se destaca pelo nível de concentração de mercado. No mesmo ano, o estado movimentou US$ 659 milhões em exportações totais, sendo quase metade destinadas aos Estados Unidos.
Diante do novo cenário, uma das alternativas estudadas pelo setor produtivo é diversificar os compradores. No entanto, especialistas alertam que essa transição pode levar meses ou até anos, enquanto os efeitos da nova política tarifária devem ser sentidos em poucas semanas.
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