Segundo um levantamento feito pelo Porto Digital em parceria com a Offerwise, 9 em cada 10 brasileiros adultos enxergam falta de apoio social e psicológico para jovens que crescem imersos nas redes sociais. A ausência de suporte, segundo a pesquisa, está diretamente ligada ao aumento de problemas como bullying, ansiedade e depressão.
Realizado em abril, o estudo ouviu mil pessoas com acesso à internet em todas as regiões do país, com uma margem de erro de 3% e 95% de confiança. Os dados reforçam a urgência de debater o impacto do mundo virtual na saúde mental da juventude, especialmente diante da flexibilização das regras de moderação em plataformas digitais.
Solidão
O estudo constata que por mais que os adolescentes sejam conectados, estão cada vez mais emocionalmente sozinhos. A série “Adolescência”, da Netflix, que serviu como inspiração para o estudo, ajudou a trazer à tona os abismos geracionais, os riscos da hiperexposição e o vazio de diálogo entre jovens, famílias e escolas.
A maioria dos entrevistados (70%) defende a presença permanente de psicólogos nas instituições de ensino como uma estratégia para lidar com esse novo cenário. Para os especialistas, cuidar da saúde mental dos jovens é tão urgente quanto debater inovação tecnológica. Para eles, as duas coisas precisam caminhar juntas.
Supervisão
Segundo a pesquisa, o controle dos pais sobre o uso da internet é mais rigoroso durante a infância, mas perde força conforme os filhos crescem. Entre adolescentes de 13 a 17 anos, a supervisão tende a ser mais liberal. Apesar disso, apenas 20% dos pais afirmaram ter planos de adotar ferramentas de monitoramento no futuro.
Para o diretor da Offerwise, Julio Calil, é preciso criar espaços de acolhimento e orientação para esses jovens. “Os resultados da pesquisa nos mostram que a população enxerga a necessidade de um esforço conjunto para criar espaços mais seguros e de apoio nas escolas, especialmente diante do uso precoce e intenso das redes sociais”, disse.
Nesse sentido, especialistas destacam a importância do fortalecimento dos laços humanos e propõem um “monitoramento participativo”, em que pais e educadores atuem como aliados no uso responsável da internet. Para isso, é preciso que haja diálogo aberto, limites claros e escuta ativa. Outro ponto indica que a vida real precisa voltar a ocupar espaço no cotidiano dos jovens, inspirando esse público a se reconectar com o mundo físico.
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