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Pesquisa mostra que 54% das escolas de Fortaleza não têm áreas verdes

Uma pesquisa conduzida pelo MapBiomas, em parceria com o Instituto Alana, revela dados sobre a falta de áreas verdes em escolas brasileiras. O levantamento analisou 20.635 instituições de ensino infantil e fundamental em todas as capitais do país, destacando a situação crítica de Fortaleza, onde mais da metade das escolas (54%) carece de espaços verdes. Esse índice coloca a capital cearense como a terceira pior do Brasil nesse aspecto, ficando atrás apenas de Salvador (BA) e São Luís (MA).

A ausência de natureza nas escolas interfere no desenvolvimento das crianças, que veem esses espaços como locais principais para brincadeiras e aprendizado ao ar livre. O problema é agravado pela falta de praças ou parques nas proximidades: 21,7% das escolas em Fortaleza estão em regiões desprovidas desses espaços públicos.

Os dados também revelam uma conexão entre desigualdades raciais, socioeconômicas e a falta de resiliência climática. Cerca de 90% das escolas localizadas em áreas de risco estão a menos de 500 metros de favelas ou comunidades urbanas e, entre essas, 51% têm maioria de estudantes negros. Em contraste, apenas 4,7% das escolas majoritariamente brancas estão em áreas de risco.

As temperaturas também variam conforme o perfil racial dos alunos. Escolas com maioria negra estão em áreas com temperaturas médias 3,57°C acima do normal, enquanto instituições com maioria branca registram menos incidência de calor extremo (16,5%).

Impacto nas crianças

Cerca de 80% das crianças e adolescentes brasileiros vivem em centros urbanos e passam boa parte do tempo em suas escolas. No entanto, se o acesso à natureza não ocorrer ali, essas vivências podem desaparecer. Estudos mostram que o contato com áreas verdes traz benefícios significativos à saúde física e mental, incluindo melhorias na imunidade, memória, sono, sociabilidade e aprendizado.

Pesquisa mostra que 54% das escolas de Fortaleza não têm áreas verdes
Foto Reprodução

Em cidades cada vez mais urbanizadas, as crianças enfrentam o confinamento em ambientes fechados e a exposição excessiva a telas. Dessa forma, soluções baseadas na natureza podem transformar escolas em espaços mais verdes e resilientes, promovendo benefícios ambientais e sociais. Algumas delas são: jardins de chuva, vegetação nativa e compostagem

Mudança para o futuro

Embora escolas públicas frequentemente enfrentem desafios estruturais, apresentam maior potencial de integração com a natureza. Apenas 9% das escolas particulares têm mais de 30% de área verde, enquanto nas públicas esse percentual sobe para 31%. Segundo JP Amaral, gerente de Natureza do Instituto Alana, desconcretizar os ambientes escolares e incorporar elementos naturais é essencial para equilibrar o calor, prevenir enchentes e proporcionar bem-estar às crianças.

Maria Isabel Amando de Barros, especialista do Instituto Alana, reforça a importância de envolver toda a comunidade escolar nesse processo de transformação. “Ter a natureza como centralidade e dar às crianças oportunidades para brincar e aprender com ela, contribui com a educação ambiental e climática, fomentando o protagonismo necessário para que crianças e adolescentes possam participar efetivamente da transição verde de nossas sociedades”, explica.

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