Uma equipe da empresa Anza Informações e Dados, que atua na realização de pesquisas, inclusive eleitorais, foi intimidada por um candidato a vereador do município de Santana do Acaraú na última terça-feira (10/09). Os profissionais estavam realizando pesquisa de intenção de voto para prefeito e vereador do município quando foram abordados, por dois dias consecutivos, pelo candidato a vereador Régis Mingote, do Partido da Renovação Democrática (PRD). Nas duas situações o candidato tentou interferir no trabalho dos pesquisadores com questionamentos sobre o resultado da pesquisa que estava sendo realizada.
Na primeira abordagem a pesquisadora Anita Silva afirmou que estava chegando à pousada onde a equipe estava hospedada, quando foi questionada por Régis Mingote, sobre os resultados da pesquisa. Segundo Anita, ele queria saber como estava sendo o desempenho eleitoral dele nos distritos de Santana do Acaraú, conforme o apurado até então pelos pesquisadores da Anza. Apesar da insistência dele, a entrevistadora disse que não poderia fornecer dados da pesquisa, mas ele continuou insistindo. Na ocasião uma funcionária da pousada chegou a alertá-la de que ele é candidato nas eleições deste ano.
A mesma funcionária da pousada teria informado que em eleições passadas houve interferência no trabalho de pesquisadores de outras empresas, por parte de políticos locais, que teriam sido subornados para modificar o resultado de pesquisas. Durante o diálogo entre a entrevistadora e o candidato, ele fez comentário também sobre a aparência da moça, dizendo “Ela parece um rapazinho”. A comparação feita por ele teria sido pelo fato de Anita ter cabelos curtos.
No dia seguinte, a pesquisadora, acompanhada de outro pesquisador da Anza, concluía o trabalho na Sede do Município quando mais uma vez foi abordada pelo candidato. Ele estava em um carro com outras duas pessoas e, ao avistar os pesquisadores, acompanhou a dupla e mais uma vez questionou sobre informações da pesquisa que eles estavam fazendo, com a intenção de saber como estava o desempenho dele na disputa eleitoral. Anita disse que se sentiu amedrontada com a situação.
Questionado sobre o fato, o candidato explicou que não teve intenção de interferir na pesquisa e nem no trabalho dos pesquisadores. Segundo ele, as abordagens foram apenas por curiosidade. “Passei na rua e perguntei como está a situação. É meu direito perguntar”, argumentou Régis Mingote. Com relação à aparência da moça, o candidato disse que a pergunta se a pesquisadora é “menino ou menina” se deu em respeito à questão da identidade de gênero. “Sou homossexual. Perguntei para saber como me referir”, justificou.
